Termina este sábado, 30 de julho, na Praia Fluvial de Zebreiros, em Gondomar, mais uma campanha pelos areais do estuário do Douro. “Esta é a segunda campanha, em apenas dois anos de existência, para alertar os banhistas para a má qualidade das águas de um dos maiores rios da Península Ibérica”, alerta o movimento em defesa dos rios da bacia do Douro. O #MovRioDouro lamenta que este ano, as placas de aviso de banho desaconselhado tenham sido retiradas das praias não classificadas sem qualquer explicação, até ao momento, por parte da APA – Agência Portuguesa do Ambiente.
O início da campanha de sensibilização teve lugar, no dia 9 de julho, nos areais de Areinho de Oliveira do Douro e Areinho de Avintes, em Vila Nova de Gaia e, contrariamente ao ano anterior, o #MovRioDouro não encontrou qualquer sinalética da APA a desaconselhar os banhos nas praias.
“Foi com alguma surpresa que verificámos que, há umas semanas, os pequenos avisos, colocados pela APA à entrada dos principais areais de Vila Nova de Gaia tinham sido removidos, não havendo qualquer indicação de que as águas são desaconselhadas para banhos, nas praias não classificadas do Douro”, explica Paulo Silva, do #MovRioDouro, acrescentando que, “ainda no mês de junho vimos o aviso na praia do Areinho de Oliveira do Douro, como de resto aconteceu ainda no ano passado, e no início da nossa campanha esse aviso já não existia”. No entender da responsável, “a situação é grave na medida em que centenas ou mesmo milhares de pessoas tomam banho anualmente nestas águas sem saberem os perigos que correm, ao nível da saúde pública. Questionamos a APA logo no início da campanha e, até ao momento, não obtivemos qualquer esclarecimento sobre o porquê da ausência destes avisos”.
Neste ano balnear, o Douro ganhou mais uma praia fluvial classificada – a de Melres, em Gondomar -, elevando para dois o número de praias no Douro em que os banhos não representam, à partida, perigo.
“Este ano já fomos acusados de alarmismo, mas a verdade é que adoraríamos que estas praias estivessem em perfeitas condições para que todos pudéssemos usufruir delas. A verdade é que não estão – contrariamente ao que os municípios possam dizer – e basta uma pesquisa no próprio sítio da APA, para verificar que até a nova praia classificada (Melres) já registou análises más, mesmo no ano em que a praia está classificada como zona balnear. Das restantes praias, o cenário ainda é pior, uma vez que nem existem dados disponibilizados pela APA – que só estão disponíveis quando a classificação de zona balnear é requerida”, explica Paulo Silva.
Num comunicado, o #MovRioDouro lamenta que em pleno 2022, as análises da qualidade da água de todos os areais fluviais do estuário do segundo maior rio em Portugal não estejam disponíveis publicamente para toda a população e sejam reveladas apenas as das zonas classificadas como áreas balneares.
“É inadmissível que os milhares de banhistas dos grandes areais de Zebreiros (em Gondomar) e Oliveira do Douro ou Avintes (em Vila Nova de Gaia) não possam saber de fonte oficial (APA) se estão seguros e é ainda pior que se mascare esse problema com a colocação de sinalética na praia, que cria uma sensação de segurança e normalidade. A presença de nadadores-salvadores é importante para garantir a segurança mas, tal como nas praias marítimas, deveria existir bandeira vermelha para que as pessoas soubessem que não podem ou devem ir à água”, refere o porta-voz. “Em vez disso, as autoridades competentes e os municípios preferem desvalorizar o problema, apoiando-se na paisagem idílica do Douro onde, infelizmente, correm águas altamente poluídas”, conclui.