O projeto “Invasoras.MCQ”, aprovado no passado dia 17 de agosto, nasceu de uma parceira entre o município de Monchique e o Grupo de Estudos e Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e tem como objetivo a recuperação das áreas do concelho de Monchique mais afetadas pela presença de espécies invasoras.
De acordo com o GEOTA, as plantas transportadas do seu habitat natural para outros locais, são denominadas plantas exóticas. Contudo, enquanto algumas destas espécies têm a capacidade de coexistir com as espécies nativas de forma equilibrada, existem outras que quando introduzidas em territórios diferentes, conseguem adaptar-se, estabelecer-se, reproduzir-se, e até colonizar o ambiente, formando novas populações, tornando-se espécies invasoras com diversos impactos negativos ao nível da biodiversidade. Estas espécies, lê-se num comunicado do GEOTA, agem como destruidoras, impedindo o desenvolvimento das espécies autóctones, ao mesmo tempo que alteram seu o habitat, competindo por alimento e espaço.
Para já, o principal foco de atuação do projeto é demonstrar como se deve intervir em áreas com as espécies invasoras ‘Mimosa’ (Acacia dealbata) e a ‘Austrália’ (Acacia melanoxylon) através da gestão e recuperação de duas áreas piloto sob gestão do município de Monchique.
“Em Portugal continental, ao longo dos dois últimos séculos, e especialmente nas últimas décadas, o número de espécies exóticas tem aumentado muito, estimando-se que possam contabilizar cerca de 670 espécies, o que corresponde a aproximadamente 18% da flora nativa. Torna-se assim necessária a ação humana para travar este crescimento de espécies invasoras e com esse objetivo, nasce o projeto “Invasoras.MCQ”, afirma João Dias Coelho, presidente do GEOTA.
Segundo o mesmo comunicado, o combate a espécies invasoras e a consciencialização para a problemática das mesmas contribui para a melhoria do estado de conservação dos habitats naturais e populações de espécies prioritárias, assim como para a redução dos efeitos das plantas invasoras no património natural local e nas atividades económicas que dependem da floresta como meio de produção.
Para Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique, “é urgente intervir nas áreas onde as plantas invasoras ganham terreno sob pena da perda irremediável de biodiversidade e da identidade destes locais. No concelho de Monchique este problema agudizou-se após os incêndios rurais, com um aumento exponencial do número de plantas por ação do fogo e da exposição à luz solar, e o aparecimento destas espécies em locais onde anteriormente não existiam, degradando os habitats naturais, competindo e destruindo as caraterísticas da Serra de Monchique. Tendo a necessidade de apoio técnico especializado para gestão ativa destas áreas e falta de conhecimento nesta área por parte dos gestores e proprietários rurais dado o mote para o desenvolvimento deste projeto piloto de cariz demonstrativo em parceria com o GEOTA.”
Desta forma, o Município de Monchique e o GEOTA juntam esforços no combate a estas espécies invasoras, demonstrando e capacitando os agentes locais para a erradicação destas espécies e potenciando a conservação e proteção das espécies não invasoras.
O projeto “Invasoras.MCQ” que conta com um investimento inicial por parte do Município de Monchique de 16.597€ tem o arranque marcado para o dia 20 de setembro de 2021 irá focar duas áreas distintas do Concelho de Monchique – Convento e Montinho –, podendo esta área ser expandida no desenvolver do projeto.