A Mobi.E partilhou, recentemente, dados relativos ao ano 2021 da mobilidade elétrica em Portugal. O ano ficou marcado por mais um recorde no que à área da mobilidade elétrica diz respeito: o número de postos de carregamento aumentou 66,5%, enquanto as vendas de veículos elétricos (BEV e PHEV) cresceram 53,1%”. Também, ao nível da utilização registou-se um aumento de 48% no número de utilizadores.
Apesar de a Mobi.E não ter dados que permitam monitorizar as vendas de viaturas elétricas, Luís Barroso, presidente da MOBI.E, afirma que a informação disponibilizada pela ACAP (Associação do Comércio Automóvel de Portugal) revela que, em 2021, foram matriculadas 13.614 viaturas ligeiras (BEV – 100% elétricas) e 15.667 viaturas ligeiras Plug-In (PHEV): “Um total de 29.281viaturas elétricas ligeiras que normalmente podem utilizar a rede Mobi.E”. Relativamente à rede Mobi.E, o responsável precisa que, durante 2021, foram “instalados 943 postos de carregamento” a que correspondem “mais 1.812 tomadas disponibilizadas”, ou seja, um “reforço da rede em 66,5%”. Destes postos, 244 são de carga rápida (a potência é superior a 22kWh), e 62 são ultrarrápidos (a potência ultrapassa os 50 kWh), acrescenta. Ao nível da potência, o presidente da MOBI.E refere que no total a rede passou a disponibilizar 106,1 MW: “Mais de 1,5 vezes superior aos níveis de potência exigidos pelo futuro pacote legislativo que está a ser preparado pela União Europeia e que só deverá entrar em vigor dentro de um ou dois anos.
No que às emissões de CO2 dizem respeito, Luís Barroso afirma que, no ano passado, a energia gasta em carregamentos na rede Mobi.E foi de “18,5 GWh”, o que representa uma “subida de 75%” em relação aos valores de 2020: “A energia consumida permitiu reduzir a emissão de CO2 em cerca de 13,4 mil toneladas de CO2 (aumento de 77%, quando comparamos com os números de 2020)”.
Para o presidente da Mobi.E, estes recordes são justificados pela “materialização gradual da estratégia delineada pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática com o objetivo de descarbonização da mobilidade”, de forma a atingirmos a neutralidade carbónica em 2050. Os “investimentos efetuados nos últimos seis anos em termos de crescimento da rede e que permitiram instalar pelo menos um posto de carregamento em cada um dos municípios”, uma “política consistente de incentivos quer à aquisição, quer à utilização de viaturas elétricas”, a “entrada na fase plena de mercado em julho de 2020, com a transferência para o setor privado da operação dos postos de carregamento” e a “evolução muito positiva da oferta de veículos elétricos, quer em número, quer em capacidade das baterias”, são tudo fatores que ajudam a explicar a cada vez maior adesão tanto de empresas como de particulares à mobilidade elétrica, considera.
Mesmo com os recordes que todos os anos se tem assistido, o responsável atenta na necessidade de se estar consciente, chamando a atenção para o facto de “estarmos numa fase embrionária” do mercado da mobilidade elétrica. Ainda assim, os dados parecem dar provas de que o “ciclo de construção do mercado está praticamente concluído”, o que significa que um novo ciclo se está a iniciar: “o da consolidação”. Algo que também parece ser evidente é a “necessidade de um crescimento exponencial da rede” para responder às necessidades futuras dos utilizadores de veículos elétricos: “Precisa de respostas rápidas de todas as entidades envolvidas e de um quadro regulatório de mobilidade elétrica mais dinâmico que permita agilizar o processo de instalação de postos de carregamento”. Por outro lado, Luís Barroso defende a necessidade que este “novo ciclo” se inicie com uma “maior integração da mobilidade elétrica com o setor da mobilidade”, ou seja, com os “outros modos” quer sejam “suaves, partilhados ou transporte público” que, como já é do conhecimento, este último, é uma das “grandes apostas dos planos de resiliência” financiados pela União Europeia. No fundo: “Teremos de evoluir do conceito de utilizador de veículo elétrico para o utilizador de mobilidade sustentável”. No entender do presidente da Mobi.E, esta integração será a melhor forma de garantir um “planeamento eficaz da evolução da infraestrutura de carregamento”, a “racionalidade dos seus investimentos” e que os “incentivos públicos sejam aplicados de forma eficiente no objetivo último que é a descarbonização do sistema de mobilidade”.
[blockquote style=”2″]Vamos continuar a desenvolver ações que permitam desmistificar muitos dos mitos que ainda circulam[/blockquote]
Questionado sobre os apoios ou incentivos que vão continuar em 2022, Luís Barroso afirma que na compra de veículos, deverão manter-se o tipo de apoios que têm estado em vigor. Para além disso, existe um “conjunto de incentivos fiscais” que, no caso dos particulares, se traduzem na “isenção do pagamento do ISV (Imposto Sobre Veículos) e do IUC (Imposto Único de Circulação)”, acrescenta. No caso das empresas, acresce a “isenção da Tributação Autónoma e a dedução do IVA”, isto para veículos 100% elétricos. Para os veículos híbridos, há também isenção de uma parte destes impostos, embora os benefícios sejam inferiores, esclarece. Para além destes apoios, o Governo determinou manter em 2022 um apoio de €0,2614 aos utilizadores por cada carregamento que efetuarem na rede Mobi.E e, alguns municípios praticam isenções de estacionamento aos veículos elétricos, refere.
Com a missão de se constituir como uma “fonte credível de informação sobre a mobilidade sustentável”, a Mobi.E fez, no ano passado, um “forte investimento no site”, com o objetivo de esclarecer o público em geral sobre o que é a mobilidade elétrica, como funciona a rede Mobi.E, como tornar menos onerosos os carregamentos ou os últimos estudos científicos: “Vamos continuar a desenvolver ações que permitam desmistificar muitos dos mitos que ainda circulam”. Os resultados têm sido bastante positivos: “Temos encontrado mais parceiros, desde associações de utilizadores, comercializadores, operadores e marcas de automóveis, dispostos a partilhar este caminho de informação com credibilidade e rigor”. Esta aposta, no entender da Mobi.E, é a “melhor forma de cada vez mais pessoas acreditarem que a mobilidade elétrica já é uma opção do presente para o futuro”.
Olhando agora para o ano 2022, o presidente da Mobi.E acredita que será um ano marcado por muitos desafios. No ano passado, por exemplo, foi lançado um concurso público para o desenvolvimento e implementação de uma nova plataforma de gestão da rede de carregamento e que será cofinanciado pelo POSEUR, num investimento estimado em 1,3 milhões de euros: “Esse trabalho vai ser realizado ao longo deste ano, de forma que esteja concluído durante o primeiro trimestre de 2023”. O objetivo é “tornar a gestão da rede mais eficiente”, dada a previsão expectável de crescimento em termos de infraestrutura e de utilização. Continuar a ser um “agente facilitador” da transição para a mobilidade sustentável é algo que será reforçado em 2022: “Vamos criar condições para captar mais agentes para o mercado, neste momento são já 73 operadores e 27 comercializadores”. Além disso, atenta o responsável, continua a ser fundamental ajudar a esclarecer com “informação credível e pormenorizada” todas as dúvidas sobre a mobilidade elétrica e sobre a rede de carregamento: “A esse nível, estamos a ultimar um projeto de disponibilização de dados em tempo real, que deverá ser lançado durante o mês de fevereiro”. Luís Barroso não tem dúvidas de que estas são as “bases” para se garantir que a “infraestrutura de carregamento continua a crescer e que cada vez mais cidadãos adotem a mobilidade elétrica no seu dia-a-dia”, dando “vida a um futuro melhor e mais sustentável para todos”.