Já arrancou a road trip que liga Lisboa a Irún, cidade na fronteira entre Espanha e França. Trata-se do projeto europeu CIRVE_PT, que integra a rede Mobi.E e que assenta no reforço da rede de carregamento de veículos elétricos e a sua interoperabilidade de e para a Península Ibérica. A cerimónia que marcou a abertura dos corredores ibéricos de mobilidade elétrica decorreu esta terça-feira, 14 de setembro, num posto da Galp, em Lisboa.
Orçado em 1,5 milhões de euros, este projeto quer demonstrar as mais valias do modelo nacional, onde a integração de todas as redes e a universalidade é uma realidade, facilitando as deslocações de veículos elétricos e a adesão à mobilidade elétrica. Na prática, todos utilizadores de veículos elétricos podem carregar as viaturas com o contrato nacional habitual em vários postos em Espanha, assegurando a ligação ao resto da Europa.
Com a conclusão do projeto em junho de 2022, que prevê a instalação de 58 postos de carregamento (18 infraestruturas de carregamento rápido em Portugal no corredor da rede Central Atlântica (A1, A25, A12 e A6) e 40 pontos de carregamento em Espanha nos Corredores Atlântico e Mediterrâneo, será possível aos condutores fazerem esta viagem, utilizando os contratos habituais de carregamento e usufruindo da integração das várias redes de carregamento.
Luís Barroso, presidente da Mobi.E, na sua intervenção na sessão de abertura, não tem dúvidas da relevância do projeto para a mobilidade elétrica: “No futuro, será mais uma forma de mobilidade a oferecer a todos aqueles que utilizam a rede de mobilidade elétrica nacional”. O responsável felicitou ainda todo o trabalho que tem sido feito, com destaque para os mais recentes dados que demonstram a evolução deste setor: “Fechamos janeiro de 2020 com carregamentos na ordem dos 95 mil por mês. E, em plena pandemia, o mês de agosto registou 149 mil carregamentos”. Confirma-se que, desde abril, os recordes são constantes “quer seja de utilização, quer seja de carregamento ou consumo”, precisa. Neste crescimento, destaque ainda para a sustentabilidade da infraestrutura de carregamento que a Mobi.E oferece: “Uma infraestrutura robusta capaz de responder à procura atual”.
O projeto CIRVE_PT é a prova de que a mobilidade elétrica está ao serviço da população, garantindo, por isso, a interoperabilidade a nível nacional, transfronteiriço e da União Europeia, eliminando as barreiras ao acesso dos utilizadores aos pontos de carregamento. Desta forma, o percurso (já na estrada) entre Lisboa e Irún (Lisboa, Alcochete, Badajoz, Navalmoral, Madrid, Burgos, Vitória, Eibar e Irún), vai provar a viabilidade da ligação, sem qualquer limitação, demonstrando que a mobilidade elétrica não se destina apenas a viagens curtas: “Esta iniciativa é aposta na credibilização dos sistemas e a demonstração de que já é possível circular com veículos elétricos de Portugal até ao centro da Europa”, refere.
[blockquote style=”2″]Resultado do esforço em simplificar e facilitar o uso do automóvel elétrico[/blockquote]
Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa, define o CIRVE_PT como um “projeto que procura eletrificar a rede transeuropeia de transportes” na sua competente rodoviária: “É o resultado do esforço em simplificar e facilitar o uso do automóvel elétrico por parte dos consumidores que estão disponíveis para o fazer, dando confiança numa lógica nacional, mas também internacionalmente”. Centrando-se na rede transeuropeia de transportes, o responsável é perentório: “Só conseguimos ter mobilidade descarbonizada nas cidades, se as pessoas entenderem o uso do automóvel (elétrico) como um veículo que é viável utilizar em qualquer contexto”. Para tal, é essencial que, numa cidade como Lisboa, o veículo elétrico tenha “competitividade”, seja “utilizável em qualquer contexto”, inclusive a longa distância, e, assim, que as famílias e empresas optem pelo veículo elétrico nas suas frotas: “Nunca conseguiremos descarbonizar, de forma plena, a mobilidade, se não descarbonizarmos, de forma plena, as frotas das famílias ou empresas”, atenta. Tão importante é também o “crescimento da rede pública de carregamento”, refere o vereador da Mobilidade, alertando que “tal não será possível, sem o envolvimento dos privados”.
Do lado da cidade de Lisboa, o responsável partilhou ainda alguns dos incentivos que são dados à mobilidade elétrica, nomeadamente a implementação de zonas de emissões reduzidas, capazes de criar condições privilegiadas de acesso para o carro elétrico bem como o estacionamento gratuito para os veículos elétricos.
[blockquote style=”2″]Um projeto de futuro e um sinal de motivação[/blockquote]
Por seu turno, Eduardo Pinheiro, secretário de Estado da Mobilidade, lembrou que já não se trata de uma questão de “oportunidades”, quando se fala em “descarbonização” mas sim de uma “obrigação”. Eduardo Pinheiro foi claro: “Não temos alternativa. Temos de discutir o que fazer, como fazer e com que rapidez”.
O projeto CIRVE_PT é mais um exemplo da “vontade existente” por parte dos operadores de postos de carrafemenreal, chegando o responsável a caracterizar o projeto como sendo “de futuro”.
Do lado do Governo, Eduardo Pinheiro garantiu que a universalidade continuará a ser assegurada em todo o território nacional, com postos de carregamento acessíveis, bem como aumentar a densidade desses mesmos postos. A morosidade dos processos é um tema que o Governo quer também colmatar: “Já reunimos com todos os operadores com o objetivo de ouvir e sinalizar todas as dificuldades que existem no sistema”.
Atualmente, a rede Mobi.E conta com uma cobertura superior a 95% dos municípios, com mais de 1.950 postos de carregamento e mais de 4.000 tomadas.