Foram três os desafios que o Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, deixou ao país durante as Comemorações do Dia Mundial da Água, que contaram com uma Sessão Comemorativa, na Academia das Águas Livres, ontem, em Lisboa.
Para o responsável, Portugal tem ao dia de hoje três desafios concretos. O primeiro será o lançamento do Programa de Eficiência Hídrica dos Edíficios Públicos. Sendo assim, “vamos começar já com a EPAL e com a ADENE a voltar a pensar naquilo que é a eficiência dos edifícios públicos, que representam um quinto dos consumos de água não domésticos, nesta cidade”. De acordo com João Matos Fernandes, “pensem na quantidade de hotéis que existem, na quantidade de equipamentos que a cidade tem, para termos a noção o que representa 1/5 deste consumo”. Avança o governante que este processo irá começar no edifício-sede dos ministérios, com a instalação de equipamento que a EPAL tem, o Water Beep, “que nos vai permitir fazer uma leitura a cada minuto do consumo de água que existe”. Acredita o responsável que “iremos ter muito ganhos neste processo. Pretendemos reduzir as perdas de água através de gestos tão simples como estes”.
Segundo o mesmo, cabe ao Estado e à administração dar este exemplo. “Ao logo deste ano o programa abrangerá todos os edifícios públicos, com a expectativa de no próximo lançarmos um programa que seja financiado”, com esse fim “vamos preparar a substituição de equipamento, vamos instalar equipamentos, onde for possível para aproveitar as águas da chuva”, inclusive.
Por outro lado, o responsável também avançou que “vamos ver quais são os usos que são feitos e que podem ter como origem as águas tratadas (efluentes das ETAR’s). Portugal hoje só reutiliza 1,5% dos efluentes tratados. Lançámos um programa que vamos estruturar durante este ano para que nas 50 maiores ETAR’s do país, que generalizadamente têm tratamento terciário, se atinga os 20%, em dois/três anos. Até agora abordei a vertente da água do ciclo urbano”.
De acordo com o Ministro, os outros dois desafios dizem respeito ao que foi (ontem) publicado em Diário da República, matéria relacionada também com os recursos hídricos. “Foram publicados dois artigos, financiados pelo Fundo Ambiental, enquadrados na estratégia nacional de educação ambiental, um dedicado à promoção do uso eficiente da água”, que abrange uma verba de 500 mil euros, indicou. “O outro aviso tem muito a ver com a nossa rede hidrológica e com um foco muito grande na qualidade das massas de água, independentemente da dimensão do sentido do caudal desses mesmos rios ou ribeiras”, acrescentou.
Para João Matos Fernandes, “queremos mesmo que apareçam associações, autarquias, fundações, que queiram troços de rio e com isso olhem para eles de maneira particularmente cuidada. Que façam a sua monitorização não só à vista, mas também com equipamento que permita conhecer analiticamente o que acontece nesses troços de rio”. Acrescenta o governante, que “quando falamos em fiscalização parece-me evidente que com as novas tecnologias que existem, podemos de facto alargar a nossa capacidade de induzir se tivermos do nosso lado os cidadãos. Por isso não é descabido que seja um conjunto de cidadãos associados que possam tomar conta de um troço de rio, promovendo projetos de iniciativa ambiental, e que procurem promover a recuperação dos ecossistemas”. Para o responsável, “se há coisa de que me orgulho é desta segunda geração de planos de bacias hidrográficas, que ao contrário da primeira geração se focou exclusivamente nos recursos e na segunda geração não teve dúvida em perceber que não faz sentido olhar só para a água, mas tem de se olhar obviamente para a água e seus ecossistemas”.