O ministro do Ambiente acusou ontem o anterior executivo PSD/CDS-PP de nada ter feito em relação a medidas para proteção do ambiente, salientando o “oportunismo” de alguns durante a manifestação estudantil contra as alterações climáticas, refere a agência Lusa.
“Sabemos também a urgência de combater a crise climática. Ouvimos bem o grito dos manifestantes de sexta-feira passada e notámos bem o oportunismo de quem nunca nada fez quando teve responsabilidades governativas e, depois de ter liberalizado a plantação de eucaliptos e pedido que se baixasse o ISP dos combustíveis para fomentar o uso de transporte individual, veio até à rua abusar da generosidade dos nossos estudantes e passear em modo manifestante”, disse João Pedro Matos Fernandes.
O governante falava na cerimónia de assinatura dos contratos para os novos tarifários de transportes na Área Metropolitana de Lisboa.
Após estas declarações, o CDS-PP reagiu na rede social Twitter frisando que “uma mentira repetida muitas vezes não passa a verdade. A verdade é que a maior área de plantação de eucalipto corresponde a este @govpt. A verdade é que o Governo anterior não liberalizou a plantação de eucalipto”.
Na sexta-feira, milhares de estudantes desfilaram desde o Largo do Chiado até à Assembleia da República, em Lisboa, num protesto para exigir dos políticos ações contra as alterações climáticas e no qual gritaram, entre outros slogans, que “não há planeta B”. Matos Fernandes aludia, desta forma, à presença na manifestação da atual líder do CDS-PP, Assunção Cristas, que esteve no local junto do filho. Igualmente presentes na manifestação, estiveram a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e André Silva, do Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
“Fosse eu paternalista e diria aos nossos jovens, ‘cuidado com as companhias’”, acrescentou Matos Fernandes, salientando que a “melhor das companhias” é a de quem tem na mão as decisões e “antes de todos os outros países do mundo, se comprometeu com a neutralidade carbónica em 2050, e construiu um roteiro para que tal acontecesse, no qual a mobilidade terá de reduzir em 90% as suas emissões”.
De acordo com o ministro, esta “não é uma tarefa para um futuro de décadas, é essencialmente para já e para a próxima década”. “Em 2030, um terço da mobilidade terrestre de passageiros será livre de emissões”, garantiu.
Matos Fernandes referiu ainda o facto de o Estado dar o “mais exigente dos exemplos” ao exigir que 50% dos carros que vierem a ser comprados tenham de ser elétricos, acrescentando também que os elementos do Governo só poderão adquirir veículos híbridos plug-in, sendo que “a compra a diesel no Estado será exceção e obriga a uma justificação”.