No âmbito da conferência digital “Ambiente em Português”, o Fórum da Energia e Clima juntou os ministros do Ambiente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para debaterem sobre as crises globais e quais as respostas que estão a ser dadas por cada um no combate às alterações climáticas.
O ministro português do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, tem destacado aquela que é consumação do divórcio entre o crescimento da economia em Portugal e a redução de emissões. Foi precisamente em torno desta questão que o dirigente explicou que 2019 foi, sem dúvida, um “ano simbólico” para Portugal em que a “economia cresceu acima da média europeia”, ao mesmo tempo que “as reduções de emissões diminuíram 8,5%” e na União Europeia reduziram em 4,3%. Esta é a prova de que “é mesmo possível que a economia cresça, desenvolva e crie riqueza e emprego” e, ao mesmo tempo, que se reduzam as emissões. O projeto é mesmo esse: “Nunca pondo em causa os limites do planeta, podemos ter uma economia que cresça e que gera bem-estar”.
No contexto europeu, Portugal assumiu que a melhor forma de gerar riqueza e de recuperar a economia é investindo: “É tempo de investir na sustentabilidade e em projetos criadores de riqueza”, reforça o dirigente, elogiando Portugal na forma com tem assumido os seus compromissos. E a prova disso é que, “hoje, 57% da eletricidade que consumimos provém de energias renováveis”, declara.
Mas este compromisso estende-se aos países da CPLP, diz o responsável, destacando que o Fundo Ambiental é uma forma de “apoiar muitos projetos” nesses países, sem que Portugal se imponha nas decisões de cada um: “Não temos dúvidas que as políticas ambientais têm sempre a ver com o território e que os nossos territórios são diferentes”.
Matos Fernandes reconhece que há, cada vez mais, uma maior consciência ambiental e já não há dúvidas de que “não podemos falar num tempo de pandemia em saúde humana sem falar em saúde animal e saúde ambiental”. E no que diz respeito às alterações climáticas, “somos todos uma amostra extraordinária do planeta”, não restando incertezas de que, “se trabalharmos um sistema de indicadores em conjunto” e que o mesmo que seja partilhado entre todos, “vamos conseguir estruturar projetos” no domínio do combate às mudanças climáticas.
A mobilidade foi uma questão que também se levantou neste fórum. Matos Fernandes realçou que, neste momento, em “qualquer que seja a deslocação” pendular, é mais barato usar os transportes coletivos: “Não há quem não os utilize por falta de dinheiro”.
No entanto, o chefe da pasta de Ambiente reconhece que é necessário aumentar a oferta e, para tal, no próximo ciclo de financiamento comunitário, o “valor de investimento na expansão de redes do metro de Lisboa e Porto será muito expansivo”. Mas o investimento vai expandir-se pelo país, havendo a necessidade de “reforçar o modelo que desenhámos de transporte flexível” com o objetivo de “adquirir-se mais minibus”, diz o responsável. Este ano já foram adquiridos 709 autocarros de elevada performance ambiental, destaca o ministro, acrescentando que, no próximo quadro comunitário de apoio, que inicia em janeiro de 2021, “iremos manter estes apoios e (estaremos) focados” nos territórios de baixa densidade com autocarros elétricos e híbridos “de menor dimensão”.