Ministro do Ambiente afirma que não se pode ser indulgente no combate às alterações climáticas
“Para que se cumpra o Acordo de Paris, para que se chegue ao final do século com o planeta apenas um grau e meio acima da temperatura na época industrial, não podemos em momento algum ser indulgentes. Esta é uma responsabilidade de todos e no que toca à política, e neste Governo, posso dizer que honramos as metas e vamos chegar a 2030 no caminho de descarbonização, que é emitirmos menos 30% das emissões”, disse, à porta do Coliseu do Porto, onde decorre a Climate Change Leadership Porto Summit 2018.
João Matos Fernandes referiu que “Portugal foi um dos primeiros países do mundo” a assumir o compromisso de “ser neutro em carbono no ano 2050”, sendo que neste momento não está “muito acompanhado em quantidade, mas bem acompanhado em qualidade, por outros países da União Europeia”.
“Para terem ideia do que significa, nós temos uma capacidade de absorção de gases carbónicos de 10 megatoneladas por ano, e no ano passado emitimos 68 megatoneladas/ano. Temos de chegar a 2050, reduzindo de sete para um as nossas emissões. Isto é muito mais que uma reforma estrutural, é um desafio transformacional”, apontou.
Questionado pelos jornalistas sobre o compromisso que vai ser tomado hoje, com o lançamento do Porto Protocol, disse não ter dúvidas que este ia ter efeitos práticos junto dos empresários, relembrando que esta conferência é motivada “por eles próprios, de forma totalmente voluntária.
O governante destacou a “dimensão” desta conferência sobre alterações climáticas, “promovida pela sociedade civil em Portugal”, classificando esta iniciativa como “invulgar”.
“Promovida pela sociedade civil que tem um conjunto de empresas que vive da terra, no caso das empresas do vinho, que percebe bem a necessidade de adaptação às alterações climáticas. Esta é uma tarefa em que todos temos um papel e é fundamental que quem produz, e quem está ligado à produção económica seja qual for o setor, se comprometa com as necessidades de adaptação. Proteger ao máximo o solo, ser mais eficiente no consumo da água, tudo isso são exercícios de adaptação, que é viver com os recursos que temos e saber continuar a produzir riqueza e bem-estar”, reforçou.
Sobre a presença no evento do ex-Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o ministro do Ambiente afirmou que as palavras do ex-líder “são sempre inspiradoras”, destacando-o como “um dos grandes impulsionadores do Acordo de Paris”, não resistindo a deixar críticas ao atual chefe de Estado americano, Donald Trump.
“Num tempo em que o atual presidente dos EUA não quer estar do lado certo da história, no que às alterações climáticas diz respeito, é fundamental que se perceba que os EUA são dos principais responsáveis pelas alterações climáticas, pela dimensão da sua economia, e sempre foi um dos países mais comprometidos com a alteração deste estado de coisas”, indicou, acrescentando que esta “é a prova que uma grande democracia como são os EUA é muito mais que a sua administração”.
Obama fala sobre o Acordo de Paris
“O que vemos é que com o Acordo de Paris (…) ainda é possível ter os países em torno de uma agenda comum”, destacou o 44.º Presidente dos Estados Unidos da América, que assumiu o combate às alterações climáticas como uma prioridade para os seus mandatos, entre 2009 e 2017.
Para o ex-Presidente dos EUA, “o problema das alterações climáticas transcende fronteiras”, e “não vamos resolver este problema sozinhos”.
Questionado sobre o futuro do Acordo de Paris, lamentou que o seu sucessor tivesse uma posição diferente da sua quanto a alterações climáticas, mas disse acreditar que, no futuro, os EUA vão voltar a alinhar com a ciência.
“A má notícia é que o meu sucessor não concordou comigo. (…) A boa notícia é que outros esforços foram surgindo na economia e as empresas foram percebendo as vantagens de investir em energia limpa”, assinalou.
Num discurso após a assinatura do Acordo de Paris, em dezembro de 2015, Obama defendeu que “nenhuma nação consegue resolver este problema sozinha” e que esta seria a “melhor hipótese de salvar o único planeta que temos”.
“Este acordo envia uma mensagem poderosa, que o mundo está totalmente comprometido com um futuro de baixo carbono e que tem potencial para promover investimento e inovação em energia limpa”, afirmou então nos EUA.