A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, mostrou-se confiante que Portugal poderá, ainda em 2016, ver aumentada a quota de captura de sardinha autorizada por Bruxelas. A governante, que na noite de domingo esteve em Matosinhos a assistir ao primeiro dia deste ano em que os pescadores puderam regressar ao mar para capturar a espécie, divulgou que os estudos recentes apontam para um aumento do stock de sardinha em águas nacionais.
“Assim que chegámos ao governo disponibilizámos verbas para fazer um cruzeiro científico, que pelos dados recolhidos num relatório preliminar indicam que existe uma melhoria no stock de sardinha”, partilhou a ministra. Ana Paula Vitorino lembrou que se se confirmarem as informações recolhidas, “a atual quota de 14 mil toneladas partilhada com Espanha poderá passar para as 19 mil toneladas”. “Seria um aumento que permitiria estender por mais tempo o período da pesca da sardinha, o que é favorável para os pescadores e para todo setor económico”, desejou.
A ministra do Mar confirmou, igualmente, que haverá um investimento para a realização de mais expedições científicas que possam avaliar, com maior rigor, o volume dos stocks sardinha em águas nacionais. “Dantes tínhamos de nos basear exclusivamente na informação que a Comissão Europeia recolhia, e que não estava atualizada, mas iremos agora continuar disponibilizar verbas para que se façam novos cruzeiros científicos”, vincou a governante.
Ana Paula Vitorino lembrou que “em meados de junho serão enviadas novas informações para as entidades competentes sobre o stock de sardinha”, acreditando que possa haver “uma revisão em alta” no número de capturas permitido. “É importante termos a informação necessária para convencermos Bruxelas que o nosso stock de sardinhas já está a recuperar e que podemos manter níveis de pesca melhores do que estão fixados. Para isso, vamos, também, ouvir e manter um contacto muito próximo com os pescadores”, garantiu a ministra do Mar.
No domingo à noite, os barcos puderam regressar à faina da sardinha depois de nove meses de paragem, dispondo, até 31 de julho, de um limite de 6.900 toneladas de captura da espécie, que será, entretanto, reavaliado.
Carlos Cruz, presidente da APROPESCA (Organização de Produtores de Pesca Artesanal), partilhou com a Lusa a confiança que os stocks de sardinha recuperaram bem durante o defeso. “Apesar da ansiedade deste primeiro dia, a expectativa é que tudo vai correr bem. Nos últimos meses os barcos têm avistado grandes cardumes de sardinha, por isso a ideia geral é que há muita para se pescar”, revelou o dirigente.
Carlos Cruz lembrou, no entanto, que foi acordado um limite diário de captura, consoante o tamanho de barco, e que poderá ser excedido logo nesta campanha inicial, forçando a algum desperdício.
“Um barco com mais de 16 metros pode capturar até 150 cabazes [cada cabaz leva 22 quilogramas], mas estamos com receio que depois de lançarmos as redes possamos apanhar 500 ou até 700 cabazes e que se possa estragar mais do que se vai aproveitar”, notou o presidente da APROPESCA.
O dirigente partilhou que este dia de regresso à pesca de cerco da sardinha era há muito desejado pela comunidade piscatória, podendo amenizar um período de muitas dificuldades para a classe. “Foram nove meses de dificuldades, porque há muitas famílias que vivem disto. Este é um momento de ansiedade, mas acreditamos que tudo vai correr bem”, desabafou o dirigente.
Com o final do defeso da sardinha, puderam este domingo regressar ao mar 150 embarcações, com mais de 2 mil pescadores, que se dedicam à captura desta espécie.