Os ministérios do Ambiente e da Agricultura defenderam hoje que é preciso gastar menos água nas autarquias, agricultura e turismo no Algarve para fazer face a uma “seca estrutural” que não vai desaparecer com o tempo. Em conferência de imprensa após uma reunião da Comissão Interministerial da Seca, o ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que a situação é “hoje melhor do que no período homólogo de 2017, mas é um problema estrutural” que se faz sentir mais claramente a sul do rio Tejo.
Por isso, as duas tutelas vão começar a partir de 30 de novembro a reunir-se com representantes dos setores que representam a maior parte do consumo de água: autarquias, agricultura e setor turístico do Algarve, em foco por causa do consumo de água para manter os campos de golfe.
A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, salientou que “a seca severa não é conjuntural” e que se exigem medidas concretas para conter os consumos de água, adaptando as culturas à disponibilidade. A governante considerou que Portugal está mais bem preparado para reconhecer e fazer face à seca do que em 2017, mas que não se “augura nada de melhor” para os próximos anos na disponibilidade de água, o que é especialmente relevante para a agricultura, que consome “74 por cento” da água utilizada em Portugal.
Matos Fernandes referiu que é preciso “mudar o perfil do consumo em Portugal, em diálogo com todos”, porque está a chover menos e já não se pode contar com anos melhores para compensar os piores, porque a escassez mantém-se. O ministro indicou que já estão suspensas novas licenças para captação de água no sul do país e que se expandirá a utilização e águas residuais tratadas em rega e lavagem urbana. “Não nos enganemos com a chuva que caiu nas últimas horas e que vai continuar a cair”, advertiu.