O Ministério do Meio Ambiente do Brasil confirmou que sugeriu reduzir as metas de curto prazo para a preservação da Amazónia, embora sem alterar a previsão de acabar com a desflorestação ilegal até 2030, noticiou a agência Lusa.
“O Brasil tem uma meta de reduzir 100% da desflorestação ilegal em 2030 e será mantida”, mas “as metas intermediárias devem refletir os programas que serão implementados nos próximos dez anos para atingir esse total”, disse o Ministério do Meio Ambiente numa nota oficial.
A explicação foi dada depois de o jornal O Estado de S.Paulo ter revelado um documento do Ministério do Meio Ambiente que diz que o Governo pretende “não considerar” os objetivos já estabelecidos para reduzir incêndios e a desflorestação ilegais na região amazónica em 90% até 2023.
Segundo o documento, “esse objetivo não pode ser alcançado”, pois ainda é necessário concluir, definir e implementar os programas que possibilitarão isso, que estão a ser negociados com os governos regionais dos estados brasileiros localizados dentro da região amazónica.
A proposta do Ministério do Meio Ambiente ainda não foi adotada pelo Governo central, mas encontrou resistência em outras pastas, como o Ministério da Economia.
A controvérsia sobre as metas de desflorestação surgiu quando ambientalistas e agentes do mercado financeiro internacional voltaram a manifestar preocupação com o aumento de incêndios na maior floresta tropical do planeta, que no ano passado atingiu os níveis mais graves em dez anos e causou um alarme generalizado.
Segundo os dados oficiais mais recentes, em junho passado foram detetados 6.803 focos de incêndio na Amazónia brasileira, em comparação com 5.318 focos registados no mesmo mês de 2019. Isto ocorreu apesar de, desde há mais de quatro meses, cerca de 4.000 soldados das Forças Armadas estarem a patrulhar a região com a missão de combater os crimes ambientais, como a desflorestação e a mineração ilegal.
O Governo brasileiro também proibiu temporariamente o uso do fogo para preparar campos de plantio. Essas medidas não convenceram totalmente as organizações de proteção ambiental ou os grandes investidores globais, que já ameaçaram rever as suas posições no Brasil se o Governo não garantir a proteção da Amazónia.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e tem a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).