A produção de concentrado de espodumena (de onde será extraído lítio) na Mina do Barroso, situada no concelho de Boticas, poderá contribuir com 110,2 milhões de euros em média, para as exportações nacionais, todos os anos, contabilizando 1.212 milhões de euros ao final dos 12 anos de concessão da mina.
Esta é uma das previsões avançadas no Relatório socioeconómico sobre Mina do Barroso, elaborado pela Universidade do Minho que conclui que o projeto pode trazer benefícios significativos para a economia local, nacional e europeia. Além da geração de mais de 1,2 mil milhões de euros em receitas de exportação, o aumento do valor das exportações de minérios de metal em 20%, o aumento o Produto Bruto de Portugal em mais de 1,1 mil milhões de euros e do PIB em mais de 400 milhões de euros, a mina pode criar até 1.500 novos empregos diretos e indiretos.
A mina do Barroso irá proporcionar um impulso económico significativo para a região de Boticas, onde poderá criar mais de 200 empregos diretos (aproximadamente 17% do conjunto atual de empregos), ajudando a fixar população jovem numa zona afetada pela desertificação, ao mesmo tempo que traz um impacte positivo significativo na economia e na comunidade locais, através do aumento substancial de rendimentos no município.
Para a economia portuguesa, o projeto funcionará como modelo e incentivo para o desenvolvimento de mais projetos de recursos naturais no país, particularmente na área do lítio, estimulando o desenvolvimento de atividades a jusante na indústria de lítio, por exemplo, a produção de químicos e de baterias.
Alinhado com a estratégia do governo português e com a visão estratégica para o plano de recuperação económica de Portugal, a Mina do Barroso será uma clara mais valia para o país na fase pós-Covid-19. A importância da criação de indústria na região interior torna-o mais relevante e criará na região de Boticas uma economia circular que proporcionará prosperidade local.
O projeto contribuirá parcialmente para a conclusão da cadeia de valor das baterias de lítio, considerada estratégica pela Comissão Europeia, fornecendo à UE lítio proveniente de uma fonte gerida de forma sustentável, que funcionará ao abrigo da regulamentação europeia e dos estados membros e fornecendo um catalisador e um modelo para o desenvolvimento adicional da produção de matéria-prima (lítio) na UE.
Para David Archer, CEO da Savannah, “o Relatório elaborado pelos professores Cerejeira e Carballo-Cruz, da Universidade do Minho, ajuda a trazer esclarecimentos sobre os muitos potenciais benefícios positivos da Mina do Barroso. Um dado importante é o impulso que dá à ambição portuguesa e europeia da neutralidade carbónica. Estimula o desenvolvimento de outras fases da cadeia de valor das baterias, nomeadamente a conversão do mineral em carbonato de lítio e em hidróxido de lítio, com a criação de uma refinaria local e, inclusivamente, a prazo, ao fabrico de baterias, e consequentemente à geração de valor acrescentado nacional. É uma oportunidade para a região e para o país”.
O projeto é tido como essencial para o cumprimento do Pacto Ecológico Europeu que a Comissão Europeia quer desenvolver na Europa, tornando-a numa referência a nível da nova economia baseada na sustentabilidade, sendo também relevante para o desenvolvimento da estratégia de Portugal para a mobilidade elétrica e cumprimento dos objetivos da neutralidade carbónica. A Savannah está a desenvolver na Mina do Barroso um projeto de inovação tecnológica, pioneiro no setor mineiro português, que será fornecido parcialmente por energias renováveis, contribuindo efetivamente para esta estratégia de descarbonização.
O Relatório foi conduzido pelos professores João Cerejeira e Francisco Carballo-Cruz, da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho. O professor Cerejeira é Doutorado em Economia pelo Instituto Universitário Europeu (Florença) e foi o especialista científico convidado para o Conselho Científico do Centro de Relações Laborais do Ministério do Trabalho. O professor Carballo-Cruz é Doutorado pela Universidade de Oxford e é presidente da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional e membro do Comité Executivo da Associação Regional de Ciências da Europa.
Vocação exportadora
O projeto prevê que 86% da produção seja destinada à exportação, o que corresponde a um valor médio anual de 110,2 milhões de euros. Este volume de exportações representa 20,1% do valor médio anual das exportações portuguesas de minérios metálicos e de outros produtos das indústrias extrativas, dos últimos quinze anos. Desta forma, prevê-se que o projeto permita dar um forte impulso às exportações nacionais deste tipo de produtos.
Contributo para o PIB
As previsões da equipa de professores que elaborou o Relatório apontam para que o projeto dê origem a um aumento do valor bruto da produção nacional de 168 milhões de euros na fase de investimento, e em cerca de 90 milhões de euros, por ano, na fase de operação. O contributo do projeto para a formação do PIB é de 65 milhões de euros na fase de investimento, e de quase 34 milhões de euros, por ano, na fase de operação.
Criação de emprego
O Relatório contabiliza em cerca de 500 os postos de trabalho diretos que irão ser criados, 300 durante a fase de construção e 215 na fase de operação. Estima-se que o efeito multiplicador na riqueza gerada da região, ao longo da vida do projeto, possa resultar em 1.300 postos de trabalho indiretos no decorrer dos 12 anos da sua vida útil.
Receitas públicas
Este é um projeto com grande capacidade de geração de receitas públicas, via impostos, especialmente sobre os lucros da empresa e sobre os salários. A mina pode aumentar a receita anual do Município de Boticas a partir de impostos em 133%, mais a potencial partilha da receita de royalties paga ao Estado.