Neste início de ano, com a energia a ocupar um lugar de destaque na lista das preocupações dos portugueses e, agora, com a saída de João Galamba da pasta do Ambiente e da Energia, a Ambiente Magazine está a auscultar vários especialistas sobre quais as perspetivas para este ano tendo em conta as adversidades vivenciadas no setor.
As “alterações de membros do Governo resultam de decisões que apenas e só ao Governo competem”, começam por dizer Margarida Fonseca e Nuno Matos, sócios-fundadores do Grupo Matos, Fonseca & Associados (MF&A), quando questionados sobre a saída de João Galamba da pasta do Ambiente e Energia. Para estes responsáveis, “os resultados destas decisões só são passíveis de avaliar pelo desenvolvimento das políticas que o executivo quer implementar”.
Já sobre a separação do Ambiente e da Energia da mesma pasta, os sócios-fundadores do Grupo MF&A, consideram que o ambiente, tal como a energia, são “aspetos transversais a todas as atividades económicas”, que devem ser “observados no estabelecimento de todas as políticas governativas”. Desta forma, e pelo “estatuto de transversalidade, o ambiente tem tendência a funcionar bem, isoladamente”, ainda que “em contacto e concertação permanente com todos os outros temas que devem orientar a governação”, acrescentam. Embora a gestão conjunta destas duas pastas pudesse fazer sentido – “pela sua proximidade e preocupações comuns” – Margarida Fonseca e Nuno Matos acreditam que a separação permitirá “reforçar a independência que tem forçosamente de existir” entre estas duas áreas de governação. Por isso, “não se antecipam inconvenientes decorrentes desta cisão”, apontam.
“Somos hoje, ambientalmente, um país mais sólido e mais forte do que éramos há décadas”
Já sobre 2023, as perspetivas é de ser um ano de enormes desafios: “E os desafios não passam, apenas, por produzir energia verde, objetivo absolutamente estratégico para o país, mas, acima de tudo, por ”fazê-lo bem”, ou seja, do modo mais adequado do ponto de vista ambiental e social”. E este “fazer bem” está, no entender dos responsáveis, “fortemente dependente da manutenção das preocupações ambientais e sociais que têm orientado as apostas de desenvolvimento de projetos de energia renovável”, em Portugal.
Se é certo que “todo o processo de licenciamento desta tipologia de projetos tem uma enorme margem para melhorar, otimizando os respetivos procedimentos”, Margarida Fonseca e Nuno Matos nã têm dúvidas de que “não é menos certo que essa melhoria não se pode fazer hipotecando valores cruciais para um país que tem, desde há muito, apostado na sustentabilidade e que pretende nortear todo o seu desenvolvimento futuro na mesma ótica”. Por isso, “fazer mais e melhor é a maior urgência e desafio que se coloca neste setor: fazer mais rápido é também fundamental, mas fazer de forma sustentável é absolutamente vital para o futuro do nosso país”, defendem.
Aos portugueses, o Grupo Matos, Fonseca & Associados apela que o foco não passe apenas na árvore, ficando a floresta de fora: “A grande aposta que o país tem vindo a fazer passa pelo objetivo maior de que o ambiente e a sustentabilidade se tornem o aspeto central de todo o desenvolvimento económico”. E essa aposta tem tido resultados importantes: “Somos hoje, ambientalmente, um país mais sólido e mais forte do que éramos há décadas. E se é certo que vivemos momentos absolutamente críticos, nomeadamente no que diz respeito às questões da energia – com a urgência da transição energética – não podemos cair na tentação de agir de forma desproporcionada, não olhando para outros interesses e valores, como a manutenção da paisagem, a conservação da natureza, a equidade social e, genericamente, a qualidade ambiental”. Conseguir-se um desenvolvimento sustentado é isto mesmo: “fazer rápido, mas fazer bem”.
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