Material de pesca representa mais de 85% do lixo de plástico no mar
O material de pesca, incluindo redes, linhas e armadilhas, constitui mais de 85% do lixo de plástico encontrado no fundo do mar, estima a organização ambientalista Greenpeace num relatório divulgado ontem, avança a Lusa.
Num outro relatório, mas publicado há 10 anos, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) calculavam em 10% a quantidade de plástico proveniente da atividade pesqueira que poluía os oceanos.
Perdido ou deitado fora pelos armadores, o material de pesca não biodegradável continua por muitos anos a capturar peixes e crustáceos, matando igualmente outros animais, como golfinhos, focas e tartarugas.
Em 2018, mais de 300 tartarugas de uma espécie em risco foram encontradas mortas ao largo do México depois de terem ficado presas numa rede de pesca aparentemente esquecida. A organização não-governamental Animal Protection (Proteção Animal) estima que as redes de pesca abandonadas matem por ano 100 mil baleias, golfinhos, focas, leões-marinhos e tartarugas.
Segundo as Nações Unidas, 640 mil toneladas de material de pesca são abandonadas anualmente no mar. O plástico, por ser resistente, é um dos materiais mais utilizados pela indústria da pesca. Quando finalmente começa a desintegrar-se em pequenas partículas, ao fim de muitos anos, é ingerido pelos peixes, que vão ser consumidos posteriormente pelos humanos.
Há vários anos que organizações não-governamentais pressionam a ONU para que seja adotado um “sistema de governação” dos oceanos que proteja a fauna e a flora marinhas. Até à data, 64% da área dos oceanos está fora da soberania dos países.
Um tal “sistema de governação” poderia, nomeadamente, obrigar as empresas de pesca a recuperarem o seu material, aplicado multas em caso de negligência. Enquanto esperam por medidas concretas, diversas organizações ecologistas lançaram-se na caça ao plástico deixado no mar pelos navios de pesca.