Decorreu esta quarta-feira, 13 de setembro, na Câmara Municipal da Marinha Grande, a apresentação do Projeto “Biojoule Energy”, para a construção de uma unidade de produção de biometano liquefeito, a partir de biogás previamente gerado por digestão anaeróbia de resíduos agropecuários.
Na sessão estiveram presentes o presidente da Câmara, Aurélio Ferreira; os vereadores Ana Alves Monteiro, João Brito e António Fragoso; o presidente da Junta de Freguesia de Vieira de Leiria, Álvaro Cardoso; e os representantes da empresa Biojoule Energy, do grupo Molgás, Fernando Breda, Vicente Gozálvez e Artur Batista.
O presidente da Câmara convocou a reunião para esclarecer o modo de funcionamento, as vantagens e eventuais constrangimentos desta unidade que está a ser projetada para junto da ETAR do Coimbrão, Leiria, que contempla a construção de uma unidade de produção de biometano liquefeito, a partir de biogás previamente gerado por digestão anaeróbia de resíduos agroindustriais.
Num comunicado, o Município explica que o Projeto “Biojoule Energy” consiste na produção de energia 100% limpa com base na digestão anaeróbica de resíduos agroindustriais, através da instalação de uma unidade para produção de biometano liquefeito, a partir de biogás previamente gerado por digestão anaeróbia de resíduos agroindustriais (provenientes maioritariamente de unidades agropecuárias – suiniculturas e avícolas), através do qual prevê produzir anualmente cerca de 50.000 MWh.
Será constituído por unidades modulares simples integradas, associadas aos processos de limpeza, compressão e liquefação de biometano, sendo o sistema apoiado numa instalação de armazenagem e carregamento de cisternas e camiões que transportarão o gás Liquefeito (bio GNL) ou o gás natural comprimido (bio GNC) produzido na instalação.
O projeto resulta de uma candidatura ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, através do Programa de Apoio à Produção de Hidrogénio Renovável e outros Gases Renováveis, que obteve uma classificação de mérito relevante a nível nacional em resultado da avaliação realizada por parte de uma técnica e científica.
O administrador da Molgás, Fernando Breda, explicou que este projeto que está em avaliação “é inovador na área da energia limpa e vai ter um impacto relevante para a comunidade, em particular na mitigação do elevado passivo ambiental existente na bacia hidrográfica do Lis”, tendo em conta que o seu contributo vai permitir mitigar a poluição gerada pelos resíduos orgânicos, convertendo-os em energia, na forma de biogás, contribuindo igualmente para a redução da dependência externa da região e do país, no setor da energia.
O técnico internacional Vicente Gozálvez que acompanhou a apresentação do projeto, a convite da Molgás, evidenciou que “o projeto não é um problema, mas uma solução”, já implantada em vários países da Europa pelo seu desenvolvimento técnico e tecnológico, que gera energia e biofertilizantes, os equipamentos são fechados e como tal não provocam a emissão de gases ou odores para o ambiente e como comprovadamente se avaliou através de simulações de modelos de dispersão baseados em dados reais, não afetam nenhuma área habitada, por isso “podemos afirmar com toda a tranquilidade que não oferece preocupações”.
O responsável destacou ainda que o Projeto “Biojoule Energy” é considerado um projeto-modelo como exemplo da contribuição para a redução da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e pela alavancagem da agricultura sustentável com a possível incorporação da parte sólida do digerido na produção de fertilizantes biológicos.
Após terem sido esclarecidas todas as dúvidas dos presentes, o presidente da Câmara, Aurélio Ferreira, manifestou o interesse do Município em ver concretizados projetos inovadores, que tenham como propósito a preocupação ambiental, descarbonização e a produção de energias renováveis, que pode gerar muitas sinergias na região, na área do tratamento dos resíduos e ainda na área industrial. O projeto “Biojoule Energy não tem qualquer ligação ao rio Lis, nem vai afetar as populações, mas irá permitir contribuir para a mitigação dos efeitos decorrentes dos efluentes provenientes de unidades agropecuárias, cujo impacto negativo é sentido no concelho da Marinha Grande, através do Rio Lis”, assegurou o presidente da Autarquia.