Marina Silva, ambientalista e única candidata mulher à Presidência do Brasil nas eleições de 2018, planeia chegar ao poder defendendo uma agenda liberal no campo económico aliada ao desenvolvimento suportado na sustentabilidade ambiental, conta a agência Lusa.
Nascida em Rio Branco, capital do estado amazónico do Acre, Marina Silva aprendeu a ler e a escrever apenas aos 16 anos de idade, tendo-se depois formado em história pela Universidade Federal do Acre. Pertencendo a uma família muito pobre, que vivia da extração de borracha na floresta amazónica, numa das áreas menos desenvolvidas do Brasil, Marina Silva teve, ao longo de sua adolescência e juventude, sérios problemas de saúde como malária, contaminação por mercúrio e leishmaniose.
A candidata, hoje com 60 anos, ingressou na carreira política na década de 1980, tendo sido eleita pela primeira vez em 1988 como vereadora da câmara municipal de Rio Branco. Foi deputada estadual no Acre (1991-1994) e senadora pelo mesmo estado brasileiro duas vezes (1995 a 2010).
A sua passagem mais marcante na política foi no cargo de ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disputou a Presidência do Brasil em duas eleições, em 2010 e 2014, não tendo passado à segunda volta em nenhuma das ocasiões. Fundou um novo partido, Rede Sustentabilidade, pelo qual concorre novamente à Presidência.
Embora tenha construído boa parte de sua carreira política em movimentos de esquerda e de defesa do meio ambiente, tendo sido filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) durante 24 anos, nos últimos anos Marina Silva passou a defender ideias liberais.
Esta tendência tornou-se mais clara nas presidenciais do Brasil de 2014, quando não obteve votos para disputar a segunda volta e apoiou o candidato derrotado Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), cuja campanha defendia políticas de direita.
Para fazer a economia brasileira voltar a crescer com vigor, a candidata defende o controlo dos gastos públicos sem elevar impostos e a criação de uma instância de governo para atrair o setor privado para atuar no setor de infraestrutura.
No plano económico, Marina Silva também anunciou que pretende revogar a lei que congelou os gastos públicos do Governo em vinte anos, alterar a reforma do sistema laboral e implantar mudanças nas regras sobre o pagamento de pensões por reforma.
Na área da educação, quer a aumentar a oferta de creches para crianças de 0 a 3 anos, e universalizar a educação infantil na faixa etária de 4 a 5 anos. Também pretende incentivar a expansão de escolas em tempo integral, que hoje representam menos de 7,8% das instituições de ensino.
Sobre a ascensão da violência, um dos temas que mais preocupa a população tendo em vista que apenas no ano passado quase 64 mil pessoas foram assassinadas, Marina Silva defende criação de um Plano Nacional de Segurança Pública, o uso da tecnologia para combater o crime organizado e a realização de um referendo para debater descriminalização das drogas.