Pouco mais de três dezenas de pessoas associaram-se recentemente, em Lisboa e no Porto, ao protesto mundial contra a multinacional agroquímica norte-americana Monsanto para acabar com o cultivo de organismos geneticamente modificados em Portugal, noticiou a Lusa.
Os protestos nas duas cidades estavam marcados para as 15 horas. Por volta dessa hora, na praça Luís de Camões, no Chiado, estavam concentrados menos de 10 ativistas, número que aumentou para cerca de três dezenas mais de uma hora depois, altura em que partiram em direção ao Intendente, empunhando cartazes que diziam: “Marcha à sede nacional da Monsanto”.
Tânia Santos, 30 anos, da organização “Um Ativismo por dia”, disse à Lusa que inicialmente esperavam “cerca de 80 pessoas” e que “cerca de 600 tinha manifestado intenção” de participar neste protesto mundial contra o uso de transgénicos (organismos geneticamente modificados) e químicos na agricultura, que se realiza em várias cidades no mundo. Questionada sobre a razão de não haver mais pessoas pessoas nesta iniciativa, Tânia Santos elegeu “o calor” e o facto desta ação “só ter sido organizada há uma semana” como as principais razões. A iniciativa foi anunciada em Portugal através da rede social Facebook.
“É extremamente importante saber o que estamos a comer hoje em dia”, afirmou a ativista, salientando que muitos dos alimentos que hoje são consumidos “têm pesticidas”, o que traz “graves problemas para a saúde”. Além disso, “o Governo [português] abriu a porta a estas empresas”, apontou Tânia Santos, sublinhando que as empresas que produzem transgênicos acabam por ter impacto negativo quer na saúde como também no meio ambiente.
No Porto, mais concretamente na praça Gomes Teixeira, um grupo de cerca de uma dezena de pessoas associou-se ao protesto mundial com o objetivo concreto de “conseguir que o cultivo de organismo geneticamente modificados deixe de ser autorizado em Portugal”. “Estão provados os malefícios para a saúde pública, sabemos que o uso de produtos químicos está muito ligado ao aumento de doenças oncológicas”, disse Margarida Mendes, da organização do protesto, no Porto.
Lamentando que as pessoas ainda estejam “pouco sensibilizadas” para esta problemática, Margarida Mendes considerou que as manifestações como as que hoje se realizaram um pouco por todo o mundo “também servem para chamar a atenção para o problema, para que as pessoas fiquem mais atentas”. “Ingenuamente, muita gente pensa que se a lei permite é porque não faz mal à saúde e nós sabemos que a componente económica é que é levada em conta”, sublinhou
Depois da concentração na Praça Gomes Teixeira, o grupo desfilou até à Câmara Municipal do Porto, exibindo cartazes onde podia ler-se “OGM = Imperialismo”, “Ou a humanidade para Monsanto ou Monsanto para a humanidade”, “Parem a geoengenharia do clima” e “Não à destruição da natureza”, entre outras mensagens.
A Monsanto, recentemente comprada pela farmacêutica alemã Bayer, produz sementes geneticamente modificadas e herbicidas controversos como o glifosato, que a Organização Mundial de Saúde classificou como “provavelmente cancerígeno”, mas para o qual a Agência Europeia de Químicos não encontrou provas sobre malefícios para a saúde. A multinacional é acusada de crimes contra a humanidade e o ambiente por parte de ativistas e organizações não-governamentais.
Há cerca de ano e meio, em dezembro de 2015, foi lançado o “Tribunal Monsanto”, em Paris, durante a Cimeira do Clima (COP21), uma iniciativa popular promovida por ativistas, jornalistas, cientistas e atores políticos internacionais para julgar moralmente a conduta da multinacional.
A Monsanto e a indústria dos agroquímicos têm alegado que os produtos no mercado, incluindo o herbicida glifosato, são seguros para a saúde humana.
*Foto de Lusa