No dia 7 de março, a Escola Secundária Josefa de Óbidos abriu as portas a mais de 40 professores para conhecerem “in loco” o projeto “Germinar um banco de sementes“. O projeto, que visa criar um banco de sementes físico e com um website de promoção à troca de sementes, envolvendo alunos, professores, educadores e comunidade local, está também a concluir a construção de um espaço apto à germinação e recolha de sementes, mas também frutos e legumes.
As visitas decorreram integradas nas 25.ª Jornadas de Educação Ambiental, organizadas pela ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental, este ano sob o mote “A Educação Ambiental como processo (trans)formador para a construção de eco comunidades”.
Pelo forte caráter pedagógico do projeto, foram muitos os interessados na visita, orientada pelos elementos da associação margens simples e o diretor do Agrupamento de Escolas/Padre Bartolomeu de Gusmão, Jorge Nascimento, em conjunto professores e alunos já envolvidos no projeto, e que aqui vieram dar o seu testemunho. Apresentado o projeto, os conteúdos e materiais pedagógicos de algumas aulas e as questões práticas do trabalho na horta, os participantes ainda tiveram tempo de replantar algumas variedades já germinadas na horta da escola.
Segundo a ASPEA, “para a maioria dos visitantes, o momento-chave foi quando a Margarida (aluna participante no projeto) partilhou o seu testemunho de alegria por ter colocado as mãos na terra ao construir aquela horta”.
A visita terminou com um desafio proposto aos presentes, de adotarem e partilharem sementes através do banco de sementes e de garantirem a biodiversidade das mesmas, entregando-se uma amostra de sementes a cada um dos participantes.
Projeto “Germinar um Banco de Sementes”
Desenvolvido pela associação margens simples com o Agrupamento de Escolas Padre Bartolomeu de Gusmão e o Banco de Sementes A.L. Belo Correia, instalado no Museu Nacional de História Natural e da
Ciência, e os parceiros projeto “ReSeed, rescuying seeeds’ heritage” (Universidade de Coimbra), Living Seeds – Sementes Vivas, Valorsul e Carmo Wood.
Envolvendo os alunos, professores, educadores e a comunidade local de forma participativa, com a construção de um espaço apto à germinação – horta –, e usando a troca e multiplicação de sementes como mote, pretende-se fortalecer o sentido de comunidade e promover a consciencialização de questões ambientais amplas, como: a recuperação da biodiversidade de ecossistemas naturais e agrícolas; promoção de espécies e variedades tradicionais portuguesas; promoção da descarbonização; e a promoção do consumo crítico e da economia circular (reduzir, reutilizar, reciclar).
O projeto é composto por seis ações, dentro e fora da escola:
1. Arrancou com a atividade de formação e sensibilização para Bancos de Sementes, para um público de 258 alunos – 2.º e 6.º ano – das Escola Primária Ressano Garcia e Escola Secundária Josefa de Óbidos. Com caráter quinzenal, professores e alunos têm-se envolvido ativamente nas ações dentro e fora do espaço da sala de aula;
2. Estamos a criar “Um arquivo de sementes” um banco de sementes que terá um repositório físico e a criação de uma plataforma digital onde este património genético pode ser pesquisado segundo critérios
específicos e requisitados, fomentando a circularidade das sementes. Em breve estará online;
3. Da escola passamos para junto da comunidade local. Três entidades serão as “agências” do projeto escola junto da comunidade local, disponibilizando o material genético e servindo de ponto de recolha, a
quem pretenda “doar” sementes;
4. Criámos um espaço físico onde as sementes podem ser germinadas – dois estufins para a germinação e cerca de 110m2 de horta, com mais de 35m2 em camas elevadas – no pátio da Escola Josefa de Óbidos. Aqui os alunos podem ter um contato direto com a terra e adquirir um conhecimento pela prática, com o envolvimento direto desde o planeamento e construção até à gestão e recolha;
5. Celebraremos o início do ano letivo 2020/21 com uma exposição que abre as portas da escola para divulgar tudo o que se aprendeu e construiu durante um ano de atividade;
6. Com o decorrer do projeto produz-se um manual “em dispersão”, um documento que compila as dinâmicas metodológicas do projeto e conhecimento adquirido. Pretende-se potenciar a dimensão educativa da informação ambiental recorrendo a uma linguagem compreensível e acessível, sem perder o rigor científico.