Mais de 200 manifestantes contra a destruição dos espaços verdes públicos na Costa da Guia
O Movimento SOS Costa da Guia, que representa os moradores e frequentadores descontentes com a destruição dos espaços verdes públicos para construção de uma sinagoga e de instalações de apoio na Costa da Guia, em Cascais, organizou no passado dia 2 de fevereiro uma manifestação no local — Rua dos Vidoeiros, em Cascais –, que contou com mais de 200 participantes, maioritariamente famílias residentes na zona.
Com o início dos trabalhos, a Associação Chabad decidiu cortar quase duas dezenas de árvores adultas e em perfeito estado fitossanitário, inclusive uma palmeira protegida pelo Regulamento Municipal do Arvoredo de Cascais, dizimando uma área até aqui densamente arborizada e aprazível, tendo sido de imediato apresentada queixa às entidades competentes que já estão a investigar a ocorrência.
Durante a semana passada, o terreno foi integralmente vedado pela Associação Chabad tendo sido colocados tapumes e pilares de cimento no passeio público que afectam gravemente a mobilidade e segurança dos peões, o que causou forte indignação dos moradores num bairro onde há muitas crianças e pessoas idosas com dificuldade de locomoção.
Empunhando cartazes com mensagens ambientalistas como “Verde sim, Betão não”, “Não é o que estão a construir, é o que estão a destruir”, os manifestantes marcharam pelas Ruas da Costa da Guia indignados com esta destruição de um espaço verde público de 5.000 m2 inserida numa área urbana já densamente ocupada.
A destruição desta área constitui, segundo comunicado da Associação, “um total desrespeito pela vontade histórica da esmagadora maioria dos moradores, que sempre reclamaram a manutenção dessa parcela do terreno como área verde, de livre acesso e uso público, independentemente da nacionalidade, sexo ou religião dos frequentadores”.
Os manifestantes deixaram bem claro aos órgãos de comunicação social presentes que o que está em causa não é o facto de se tratar de um centro judaico, mas sim a transformação de um espaço verde público num espaço privado com construção, transformação essa que também contestaram em 2009 quando estiveram para ali ser construídas instalações da Igreja Católica.
“Se o terreno foi cedido para um fim público não faz sentido que passe a ser privado. Não é o facto de as futuras instalações da Chabad supostamente virem a ter uma biblioteca e um jardim sensorial que o torna um espaço público. Um restaurante também é um espaço aberto ao público mas não deixa de ser um espaço privado, em que é reservado o direito de admissão. Por outro lado, não se compensa o abate de árvores saudáveis com mais de 50 anos com a plantação de novas árvores. Os benefícios ambientais das árvores que irão ser plantadas (caso sobrevivam) demorarão décadas a ser sentidos. Como é que uma Câmara que foi a primeira autarquia portuguesa a assumir o compromisso público de implementar os ODS da Agenda 2030 das Nações Unidas e que tem regulamentos que impedem o abate de certas espécies permite este abate?”, questionou Pedro Jordão por parte do SOS Costa da Guia.
A cedência do terreno tem sido alvo de enorme contestação por parte da população local, que, desde que tomou conhecimento da cedência em maio de 2017, não consegue conformar-se nem entender as razões por trás dessa cedência.
O SOS Costa da Guia continuará a contestar e lutar por todos os meios legais contra a construção naquele local das instalações da Associação Chabad, o massacre das árvores e espécies protegidas e a favor da preservação daquele espaço como espaço verde, público e de livre acesso, e em alertar para os malefícios e os perigos que a posição da Associação Chabad e da CMC estão a trazer para a perceção da comunidade judaica em Cascais.