Investigadores do Porto e a EDP testam a partir do próximo mês em 214 casas de Alcochete, Caldas da Rainha, Évora e Mafra uma solução que visa auxiliar os consumidores a “melhorarem a eficiência energética” dos seus eletrodomésticos.
David Rua, um dos investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) envolvidos no projeto, disse hoje à Lusa que a solução vai ser testada, a partir de junho, nas casas de 100 clientes de Alcochete, 60 das Caldas da Rainha, 40 de Valverde, em Évora, e 14 de Mafra.
Já em outubro do ano passado, a EDP Distribuição anunciava que os “clientes interessados” deveriam inscrever-se, sendo que, após uma seleção, poderiam ver nas suas casas “sem quaisquer custos” eletrodomésticos inteligentes, não só durante a fase de teste, “mas também depois da fase de demonstração”.
Com o objetivo de “otimizar os equipamentos existentes no ambiente doméstico” tendo em vista a redução dos consumos de energia e, consequentemente, do valor das faturas de eletricidade, esta solução foi desenvolvida no âmbito do projeto europeu Integrid, aprovado pela Comissão Europeia e financiado em cerca de 15 milhões de euros, dos quais 5,7 milhões são destinados a Portugal.
Segundo o investigador, a tecnologia, “semelhante a uma pequena ‘box'”, é ligada à rede doméstica (‘wi-fi’) e permite a supervisão dos consumos diários, semanais, mensais ou anuais de cada eletrodoméstico através de uma aplicação móvel, também desenvolvida como parte integrante da solução.
Apesar do equipamento ser desenhado à medida de “eletrodomésticos inteligentes”, não deixa de parte os “convencionais”, isto porque permite que seja o consumidor a “dizer” à aplicação quais são os eletrodomésticos que tem em casa, tais como máquinas de lavar a roupa, painéis solares ou frigoríficos.
Além de inserir informação sobre os equipamentos, o consumidor tem também de avisar a plataforma de quais são os “seus horários”, isto é, de quando está a trabalhar ou está em casa, de modo a que seja programada a melhor hora para ativar os dispositivos, como por exemplo, a “hora dos banhos”.
“Usando toda a panóplia de equipamentos em casa, o que a plataforma faz é procurar o ponto ótimo”, afirmou o investigador, adiantando que se a “casa não for inteligente” o sistema está programado para enviar uma mensagem automática ao consumidor a dizer “qual a melhor altura do dia para ligar o dispositivo”.
A partir daí, a plataforma vai “definir automaticamente” os consumos de cada eletrodoméstico e fazer “uma previsão” para o dia seguinte, podendo esta previsão ser alterada pelo consumidor ou até interrompida, por exemplo, caso se ausente de casa por um período mais prolongado.
“Com toda esta informação é de facto possível que a plataforma calcule os gastos e o consumidor possa medir o comportamento final, ou seja, verificar o histórico e ver se realmente conseguiu reduzir o custo face aos dias anteriores”, concluiu.
A solução Integrid está hoje, a par de outras tecnologias, numa mostra tecnológica do INESC TEC que, para assinalar o Dia Nacional da Energia, que hoje se celebra, organizou uma sessão sobre “Sistemas de energia com 100% de energia elétrica proveniente de fontes renováveis”.