Maio foi o oitavo mês mais quente desde 1931
O mês de maio, em Portugal Continental, classificou-se como muito quente em relação à temperatura e muito seco em relação à precipitação. Os dados, que pertencem ao Boletim Informativo Clima e Energia – maio 2023, publicado pela Lisboa E-Nova, apontam que maio foi ainda o oitavo mês mais quente desde 1931 (mais alto em 2022, 19,2 °C), com o valor médio da temperatura média do ar, 18,19 °C, a registar uma anomalia de +2,47 °C em relação ao valor normal 1971-2000.
A precipitação total, 34,8 mm, corresponde a 49% do valor normal. De salientar que nos últimos 7 anos os valores de precipitação em maio têm sido sempre inferiores ao valor normal 1971-2000. Em termos acumulados, a precipitação no ano hidrológico 2022/2023 (1 de outubro 2022 a 30 de setembro de 2023), 725 mm, corresponde a 93% do valor normal, indica o boletim.
De acordo com o índice PDSI (Palmer Drought Severity Index), verificou-se um aumento da área em seca meteorológica, que abrange todo o território. A distribuição percentual de classes no fim de maio, situava-se em “25,3% em seca fraca”, “39,4% em seca moderada”, “26,3% em seca severa” e “8,9% em seca extrema”.
50% das Albufeiras mantém disponibilidades hídricas superiores a 80%
No final de maio, de acordo com os dados da Lisboa E-Nova, 30 das 60 das albufeiras mantinham volumes de armazenamento acima dos 80%. Os armazenamentos por bacia hidrográfica mantêm-se superiores às médias de maio, exceto nas bacias do Mondego, Sado, Mira, Guadiana, Mira, Arade e Ribeiras do Algarve. A salientar que os níveis de armazenamento na região sudoeste, em particular Mira, Barlavento e Arade, se encontram muito abaixo da média (35%, 13% e 37% respetivamente).
Energia Solar abasteceu 9% do consumo em maio
O consumo de energia elétrica em maio totalizou 3.972 GWh, o que representa uma queda homóloga de 1,9% (-2,4% com ctdu).
A produção renovável abasteceu 48,6% do consumo (hídrica: 6%; eólica: 27,6%; biomassa: 6%; solar: 9%), a não renovável 17%, enquanto os restantes 34,4% correspondem ao saldo importador. Em termos acumulados (jan-mai) a produção renovável abasteceu 63% do consumo, que compara com 49% em igual período do ano passado.
O destaque de maio, de acordo com o boletim, vai para a energia solar, que com uma potência instalada superior a 2 GW (c/ ponta de 1650 MW no dia 13 de maio), abasteceu 9% do consumo.
Maio revela estabilização de preços no mercado grossista
O preço médio aritmético da eletricidade produzida em maio fixou-se em 76,09 €/MWh, praticamente idêntico ao mês anterior (76,96 €/MWh). A sublinhar que o maio de 2022 foi um dos meses com elevados preços no mercado grossista de eletricidade, com o preço médio a alcançar 187 €/MWh. Em termos homólogos, maio regista uma queda de 59%, precisa o boletim.
Licenças recuam para valores abaixo dos 80 euros
Durante o mês de maio a cotação das licenças de emissão recuou para valores abaixo de 80 Eur/t.
Nos últimos meses a descida do preço do gás natural não foi acompanhada pelas licenças de emissão, antes pelo contrário. Os dados apontam para se ter em conta o período de inverno e a baixa produtividade eólica na Europa, que aumentaram a procura de licenças; e com o aumento da procura assistiu-se a um aumento de preços, em particular pelo efeito do suprimento do gás russo que implicou o aumento de 7% na geração de energia da UE com carvão.
Este regresso do carvão tem feito soar alarmes, apesar da União Europeia assegurar que se trata de uma resposta de curto prazo.