Madeira vai ter a primeira área nacional específica para proteção de cetáceos
A secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada, anunciou hoje que estão reunidas as condições para que Portugal, através da Madeira, possa ter a primeira área específica de proteção de cetáceos. “Nós criámos, no âmbito da nossa estratégia para o mar, o sítio cetáceos da Madeira. É uma área marinha protegida em que se pretende proteger as baleias, os golfinhos, as tartarugas e até o lobo-marinho. Esta é uma área que, neste momento, tem um âmbito regional e nós queremos vê-la classificada ou reconhecida como um Sítio de Interesse Comunitário, com a designação de SIC-Cetáceos”, explicou, citada pela Lusa.
Este sítio será proposto integrar a lista europeia de Sítios de Importância Comunitária da Rede Natura 2000, num projeto que deverá estar concluído no final deste ano. Para o efeito, Susana Prada reconhece que 12 anos de trabalhos científicos, desenvolvidos pelo atual coordenador científico do Museu da Baleia da Madeira, permitiram apoiar a estratégia política, até para cumprimento das metas europeias nesta área.
“Há uma diretiva que sugere que, até 2020, todos os estados-membros tenham 10% das suas áreas marinhas reconhecidas como áreas protegidas e nós, neste momento, com este sítio Cetáceos da Madeira estamos nos 2% das áreas protegidas na região”, afirmou. Os restantes oito serão construídos à volta de mais parques marinhos e, mais tarde, com a Crista Madeira-Tore, um alinhamento de bancos submarinos que começa a norte do arquipélago regional.
O Sítio Cetáceos da Madeira tem uma área aproximada de 682 mil hectares, abrangendo todas as águas marinhas em redor da Ilha da Madeira, Desertas e Porto Santo, com o limite interior a estar a uma milha da costa e é particularmente importante para o golfinho-roaz.
O coordenador científico Luís Freitas explicou que os estudos feitos permitiram identificar as águas da Madeira como importantes para diversas espécies de cetáceos. “Temos uma grande diversidade de espécies, são 28, o que corresponde a um terço de todas as espécies mundiais e temos densidades de algumas delas, elevadas, nas nossas águas, nomeadamente o golfinho-roaz”, explicou.
O Governo Regional vai agora elaborar o Plano de Gestão da SIC Cetáceos e garante que tal não implicará o fim ou a limitação das atividades humanas na área em questão, para além de que considera ser uma mais-valia na promoção do destino, trazendo valor acrescentado ao produto turístico explorado pelas atividades marítimo-turísticas.