Decorreu esta quarta e quinta-feira, dias 22 e 23 de setembro, uma reunião de trabalho que juntou na cidade de Loulé os parceiros do projeto europeu SUDOE REMAS. Durante dois dias, a cidade algarvia recebeu representantes portugueses, espanhóis e franceses para debater, in loco, um programa que versa sobre a prevenção e gestão de risco de emissões de gases de efeito de estufa em incêndios florestais e que pretende que estas matérias venham futuramente a ser integrada nos instrumentos de planeamento e na própria legislação.
Nestes dois dias foi possível aprofundar a troca de experiências e abordar algumas boas práticas que estão a ser seguidas em cada um dos territórios: Serra do Caldeirão, em Portugal, Aquitânia, em França, Chequilla (Guadalajara) e Chelva-Andilla (Valência), ambas em Espanha.
Segundo uma nota, divulgada pelo município de Loulé, No primeiro dia, os participantes estiveram no Palácio Gama Lobo para apresentar um balanço do que foi realizado até ao momento e fazer o planeamento das ações previstas para os próximos meses, uma vez que o projeto irá estender-se até outubro de 2022, traçando datas para apresentação dos objetivos e os resultados da monitorização que tem sido feita nas parcelas de estudo.
Da parte do município de Loulé, uma das entidades que integram esta rede através do seu Gabinete Técnico Florestal, foi feito o ponto de situação sobre a criação de um grupo de trabalho com parceiros externos que queiram trabalhar em conjunto para implementar medidas de levar por diante os objetivos de implementar um modelo para a prevenção e gestão de risco de emissões de gases de efeito de estufa em incêndios florestais. Em Portugal, neste momento são perto de 30 as entidades nacionais, regionais e locais que já manifestaram interesse em integrar este grupo de trabalho mas, no próximo mês de novembro, está prevista a realização de uma reunião para arrancar o processo, lê-se na mesma nota.
Na sessão de boas-vindas dos participantes, João Matos Lima, diretor do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé, realçou a importância do REMAS para o município: “Para esta Autarquia a participação neste projeto faz todo o sentido! Em primeiro lugar porque temos sido uma Câmara na vanguarda das questões ambientais e na resposta às alterações climáticas. E depois, porque este é um extenso concelho, que conta com uma imensa área florestal (65% da área total do concelho). Nesse sentido, temos tido um intenso trabalho na defesa deste valioso património natural, em particular na componente preventiva e de mitigação, mas também nos aspetos de informação e educação ambiental”. O responsável falou ainda do novo dossier que a autarquia tem em mãos relativo à Agenda para a Sustentabilidade “Floresta, Biodiversidade e Desenvolvimento Rural do Concelho de Loulé 20-25”. Um trabalho que está a ser desenvolvido com enfoque no interior na área agroflorestal: “Este é, de resto, um processo abrangente, que aborda matérias como a resiliência aos incêndios florestais (para a qual o Município já canalizou 3 milhões de euros), ações relacionadas com a gestão da paisagem ou a valorização da Floresta Mediterrânica, já em curso”, refere o responsável.
Já no segundo dia de trabalhos, os participantes visitaram as parcelas integradas no projeto e que estão a ser monitorizadas. Em pleno coração da Serra do Caldeirão, a Associações dos Produtores Florestais também se associou a esta visita, já que é um dos parceiros locais envolvidos no projeto, dando a conhecer todo o trabalho que, através do conhecimento do terreno, é feito na defesa do património florestal.
o município lembra que o projeto REMAS tem como objetivo “quantificar o carbono contido nos ecossistemas florestais, tanto na vegetação como no solo, determinar e mapear o risco de libertação de CO2 e outros gases de efeito de estufa para a atmosfera quando ocorre um incêndio rural”. Pretende-se que este indicador de “risco de emissão” seja incluído nos “planos de prevenção e gestão de incêndios florestais”, no sentido de “minimizar a emissão de gases com efeito de estufa e, consequentemente, os seus efeitos nas alterações climáticas”.
Este é um programa cofinanciado pelo FEDER, liderado pela Associação de Municípios Florestais da Comunidade Valenciana (AMUFOR), e que para além da Câmara de Loulé tem como parceiros a Universidade Politécnica de Valência, a Universidade de Valência, o Conselho Provincial de Valência, o Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar, o Instituto Superior de Agronomia, a Escola Nacional Superior de Ciências Agrónomas de Bordéus.