O lobo ibérico, espécie dada como extinta no distrito de Castelo Branco “há várias décadas”, voltou a ser avistado na região disse à agência Lusa, Samuel Infante, da associação ambientalista Quercus.
Segundo Samuel Infante, a última presença do lobo ibérico no distrito de Castelo Branco remonta a outubro de 2004, quando foi encontrado um jovem macho, morto por envenenamento, no concelho de Idanha-a-Nova. A extinção desta espécie na região ficou a dever-se, sobretudo, “à caça, envenenamentos e redução do seu habitat”, esclarece.
À Lusa, o ambientalista refere que “a novidade sobre a presença do lobo ibérico no distrito de Castelo Branco surgiu em dezembro de 2020, quando um elemento ligado à Quercus avistou um animal. A partir daí, tem sido registada e acompanhada a presença do lobo”.
Samuel Infante sublinha que o ressurgimento da espécie pode estar relacionada com a pela baixa densidade demográfica e a desertificação do mundo rural e pelo regresso à região de espécies como o corço, o veado e o javali, presas naturais do lobo. “Desde a descoberta, a espécie tem estado a ser monitorizada pela Quercus que tem recorrido à fotoarmadilhagem e à recolha de indícios para análise genética. Estamos a tentar perceber se este regresso à região são indivíduos provenientes das populações a sul do Douro ou são oriundos de Espanha”, adiantou.
O ambientalista, em declarações à Lusa, refere que a Quercus avisou desde a primeira hora, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Grupo Lobo, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e o ‘Life WolFlux’ sobre o ressurgimento do lobo ibérico na região.
O responsável sublinhou ainda a importância de se acabar com alguns mitos sobre esta espécie, nomeadamente, no que diz respeito aos ataques a rebanhos. “Mais de 805 dos ataques a rebanhos são provocados por cães selvagens e não por lobos. Além disso, se houver algum ataque, os proprietários devem reportá-lo de imediato às autoridades porque caso seja provado que foi o lobo, o Estado indemniza o proprietário”, frisou.
Samuel Infante realça também a importância deste predador no controlo de espécies como o javali e o veado que na região “enfrentam problemas muito graves de tuberculose”.
O lobo ibérico junta-se a outras espécies que regressaram à região, como o abutre-preto, a águia-imperial, o grifo, o corço ou o esquilo, adianta a Lusa.