LNEG: “O lítio é um recurso natural valioso e importante para a economia verde
Por: Teresa Ponce de Leão e Daniel Oliveira do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia
A transição energética implica a existência de soluções de alimentação dos consumos a partir de energia limpa, isto é, sem emissões poluentes. Passa ainda por uma estratégia de redução dos consumos a partir de práticas de eficiência energética e em segundo lugar pela electrificação do sistema de energia a partir de tecnologias que transformam recursos renováveis em electricidade. A electrificação implica a existência de soluções de armazenamento que vão desde a aplicação ao simples telemóvel até soluções estacionárias de baterias que permitam flexibilizar o sistema e aproveitar o excesso de energia renovável. Os transportes que representam cerca de 30% das emissões poluentes são o sector que mais necessita de baterias para o seu funcionamento sem emissões. A bateria de lítio é relativamente mais barata e rentável que outras soluções sendo, portanto, no imediato, a solução para a descarbonização dos transportes.
O lítio é o elemento (metálico) mais leve que se conhece fazendo parte de cerca de 145 espécies minerais, sendo as mais comuns a espodumena, a lepidolite, a petalite, a ambligonite-montebrasite e a trifilite-litiofilite. Estas estão geralmente associados a estruturas filonianas aplitopegmatíticas ou hidrotermais, que se formam nos estágios finais de consolidação de magmas graníticos.
Em Portugal, são conhecidas 9 regiões litiníferas (tipo LCT – Lítio, Césio, Tântalo) que se distribuem desde Caminha, no Alto Minho, até Idanha-a-Nova, na Beira Baixa e que são denominadas: Serra de Arga, Barroso – Alvão, Seixoso – Vieiros, Almendra, Barca de Alva – Escalhão, Massueime, Guarda (incluindo Seixo Amarelo – Gonçalo, Gouveia, Sabugal, Bendada e Mangualde), Argemela e Segura. As estruturas mineralizadas estão encaixadas em rochas graníticas, como é o caso dos campos filonianos na região da Guarda, ou em rochas metassedimentares de idade Neoproterozoico a Silúrico para os restantes casos.
Em Portugal, há extracção de lítio (associado com a extracção de quartzo e feldspato) para o sector da cerâmica, mas não para o seu fim mais nobre, a sua refinação para a produção de baterias. Conhecem-se 3 concessões, nomeadamente, Speda-Romano, Argemela e Barroso.
O lítio é um recurso natural valioso e importante para a economia verde. O problema actual reside no facto de não ter ainda havido um diálogo aprofundado com as populações onde existe este recurso explicando de forma clara os impactes, mas também as contrapartidas para que as decisões sejam de compromisso e permitam que a economia verde beneficie as regiões onde existe o recurso.
Nota: não segue o novo acordo ortográfico
Este artigo foi incluído na edição 98 da Ambiente Magazine