O lixo com origem na Malásia, Alemanha e Espanha está entre os 200 quilogramas recolhidos em 2017 na praia do Cabedelo, Viana do Castelo, no âmbito de um projeto de monitorização do lixo marinho, avançou a Câmara local.
Contactada pela agência Lusa, fonte autárquica adiantou, com base em dados recolhidos pelo Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Viana do Castelo, que entre os 200 quilos de resíduos constam “vassouras, molas da roupa, peças de fogo de artifício, seringas, tampões auriculares, frasco para análises clínicas, cotonetes, fita de identificação do hospital, entre outros artigos”.
No total, “os 200 quilos de resíduos recolhidos naquela praia incluíam 6.100 materiais para catalogação”.
Desde maio de 2017, e de acordo com o levantamento do CMIA, entidade envolvida no projeto que tem a Câmara local como parceira e que é promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), foram realizadas, na praia do Cabedelo, quatro campanhas de recolha de lixo marinho em que participaram 114 voluntários de agrupamentos de escuteiros, associações de pais, escolas privadas, empresas locais e público em geral.
No próximo sábado, às 11:30, no Centro de Alto Rendimento de Surf (CAR), na praia do Cabedelo, a Câmara de Viana do Castelo irá formalizar a sua participação no projeto de monitorização do lixo marinho através da assinatura do respetivo protocolo com a APA.
Segundo os dados do CMIA, “no ano de 2017, numa área de 100 metros, foram recolhidos 120 quilos de resíduos para caracterização, onde foram identificados 137 cotonetes, 127 beatas, 432 pedaços de plástico, entre outros materiais”.
O projeto de monitorização do lixo marinho foi lançado em 2013 pela APA, em colaboração com as Câmaras de Ílhavo, Póvoa do Varzim, Pombal, Torres Vedras, Lagos e Faro, e com as suas delegações regionais (Norte, Centro, Tejo e Oeste, Alentejo e Algarve).
O projeto arrancou em nove praias: Cabedelo, Barranha, Barra, Osso da Baleia, Amoeiras, Fonte da Telha, Monte Velho, Batata e Ilha de Faro.
Esta iniciativa “pretende dar resposta à diretiva Quadro da Estratégia Marinha e continuidade à colaboração com a Convenção para a Proteção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (OSPAR), criada em 1992.
Segundo a informação que consta da página na internet da Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a Convenção OSPAR constitui-se como “um mecanismo legal, através do qual as partes contratantes que constituem a Comissão OSPAR cooperam para proteger o ambiente marinho do Atlântico Nordeste”.
Países como “a Bélgica, a Dinamarca, a Finlândia, a França, a Alemanha, a Islândia, a Irlanda, a Holanda, a Noruega, Portugal, a Espanha, a Suécia, o Reino Unido, o Luxemburgo, a Suíça e também a União Europeia, são partes contratantes da OSPAR”.
Dando cumprimento às orientações da Convenção de OSPAR, adiantou o CMIA, “todos os anos é realizada a monitorização quatro vezes (uma por cada estação do ano), abrangendo áreas com uma extensão entre os 100 metros e 1.000 metros). Os materiais recolhidos são identificados de acordo com o guia OSPAR que define as cerca de 140 categorias onde devem ser catalogados os resíduos”.
“A praia do Cabedelo é monitorizada desde 2002 pois integrou o grupo de praias que participou no projeto piloto sobre lixo marinho organizado pela Convenção OSPAR”, sustenta o CMIA.