Lisboa irá receber o congresso europeu de sistemas de transporte inteligentes “ITS: The Game Changer”, entre 18 e 20 de maio do 2020, e o anúncio foi assinalado com um Open Day organizado pela ITS Portugal, em parceria com a Ertico e a Câmara Municipal de Lisboa (CML), com o painel “ITS – Changing the Game for mobility solutions” em antecipação aos temas da mobilidade que estarão em discussão ao longo do congresso.
O vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa, Miguel Gaspar, recordou que a capital portuguesa recebe o evento no ano em que será Capital Verde Europeia, pelo que o congresso será bastante “benéfico” para perceber como se pode “desenvolver uma sociedade melhor e mais sustentável”. Jacob Bangsgaard, CEO da Ertico, afirma “tornar a mobilidade mais segura, limpa e eficiente para o futuro é a chave se quisermos ter cidades mais desenvolvidas e melhor ambiente”.
As cidades enquanto agentes de mobilidade
O Governo português ambiciona atingir a neutralidade carbónica até 2050 e o vereador reflete que “não vamos consegui-lo se não o fizermos nas cidades” que até agora “têm sido passivas no que respeita à mobilidade”. Contudo, Miguel Gaspar acredita que o papel das cidades está a mudar e que “temos de ser agentes de mobilidade”.
Isso significa “tomar consciência da situação de tráfego e agir”, nomeadamente, controlar os níveis de congestionamento, abrir mais corredores para os transportes públicos e permitir que os carros fiquem menos tempo parados nos semáforos. No que respeita à segurança, devem ser criadas “formas das cidades comunicarem a velocidade dos veículos e colocar limites ‘dentro’ dos veículos”.
A verdade é que os “novos modelos de transporte colocam novas pressões sobre a cidade” mas é preciso “aceitar a inovação” e regulá-la porque “precisamos dela como solução para que as pessoas possam mudar de meio de transporte, usar menos o carro e descarbonizar”.
Oportunidades e desafios da tecnologia ao serviço da mobilidade
Eduardo Ramos, head of business development da Brisa, alerta que “a disrupção está ao virar da esquina” mas que a ITS, através do congresso e de outras iniciativas mais, pode “ajudar a torná-la melhor uma oportunidade em vez de uma ameaça”. No seu ponto de vista, “todos olhamos para ela [disrupção] com muitos receios e pré-conceitos que não são corretos” até porque “a tecnologia está aqui para ajudar e não para criar mais barreiras”.
A Via Verde, pertencente ao grupo Brisa, “tem muita responsabilidade na mobilidade urbana nos dias de hoje” e Eduardo Ramos frisa a necessidade de “entender melhor como podemos oferecer melhores serviços de mobilidade” em conjunto com as autarquias e autoridades, na medida em que a sua “regulação é crítica”.
Miguel Rodrigues, city account manager para Lisboa da Siemens Mobility, acrescenta que “a integração é necessária a um nível tecnológico” e diz-se satisfeito por observar que “a segurança e a proteção são alicerces” da mobilidade, alcançados pela tecnologia, e que estão a ser seriamente levados em conta por todos os players. “Se há dúvidas quanto ao retorno de investimento e quanto ao retorno de segurança, por favor desafiem a nossa indústria”, sugere.
Quanto à capital portuguesa, que recebe o congresso da ITS, Sérgio Carvalho, associate partner da Deloitte, reflete na pressão turística sobre a cidade e como afeta a mobilidade. “Lisboa recebe todos os dias o mesmo número de visitantes que os seus moradores”, assegura, e o setor deve discutir e agir sobre “coisas que realmente impactam a qualidade de vida das populações e dos players”.
O representante da Deloitte defende que falar de mobilidade implica “falar sobre logísticas urbanas, poluição, congestionamento e estacionamento”. Avança ainda que 30% do tráfego e mais de 10% da poluição nas cidades resulta do tempo que demora encontrar estacionamento, pelo que “se não tivermos sistemas para ajudar as pessoas a encontrar o estacionamento certo mais rápido isso será um problema”, sendo que os veículos autónomos podem ser uma das soluções.