A cidade de Lisboa, “Capital Verde Europeia 2020”, foi, nos dias 18 e 19 de março, a cidade anfitriã da iniciativa “Solar Cities”, um projeto da plataforma de financiamento Citizenergy que tem como objetivo impulsionar projetos de energia solar e o envolvimento dos cidadãos europeus na transição energética. Ao longo destes dois dias, vários autarcas assim como representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estiveram reunidos em Lisboa para o lançamento oficial deste projeto. Várias plataformas europeias de crowdfunding e agências de energia de oito países do mundo também marcaram presença.
Este evento, em que a Ambiente Magazine marcou presença, foi o ponto de partida para a concretização e assinatura de uma Carta de Compromisso “Solar Mayors” (“Solar Mayors Charter”, no original), uma declaração aberta e internacional que une os autarcas de oito países do mundo na promoção de políticas públicas e de projetos que fomentem a adoção da energia solar em meio urbano e o envolvimento dos cidadãos nesta transição das energias fósseis.
À frente desta iniciativa em Portugal está a Go Parity, uma plataforma de investimentos sustentáveis. Em exclusivo à Ambiente Magazine, Nuno Brito explica que “estamos aqui, quase como coanfitriões. Somos a única plataforma de crowdfunding em Portugal com este modelo dedicado à energia sustentável ou a projetos na área da sustentabilidade”.
Dentro da área, Nuno Brito explica que a Go Parity foca-se mais na Energia Solar. “Já há alguns anos que temos vindo a trabalhar com outras plataformas”, dando como exemplo as congéneres Go Parity de outros países europeus, e com o PNUD. O desafio das Solar Cities nasceu do organismo da ONU onde se regista “entusiasmo” por parte dos responsáveis em levar as cidades a “adotar a transição energética com base na produção de energia solar em ambiente urbano” e “envolver as pessoas nesta transição”.
Na opinião de Nuno Brito, a melhor forma de fazer esta transição energética é “através da utilização do crowdfunding”, dando aos cidadãos a “possibilidade de investir em projetos para tornar as próprias cidades mais verdes”, servindo a Carta de Compromisso “Solar Mayors”, agora assinada, para “atrair cidades” para este movimento.
O “comprometimento” entre autarcas, presidentes e vereadores será a diversos níveis. O acordo prevê a partilha de “boas práticas” promovendo a energia solar “em ambiente urbano”, para além de incluir nas políticas energéticas a “produção de energia solar” nas cidades e a criação de oportunidades para o “envolvimento dos cidadãos em projetos de produção”.
As plataformas de crowdfunding representadas na sessão, como é o exemplo da Go Parity, são vistas como uma forma de “envolvimento entre os cidadãos”, passando uma mensagem muito poderosa para uma cidade: é possível “dar aos cidadãos a possibilidade de ganhar dinheiro a tornar a sua cidade mais verde”.
“Temos um grande potencial” em Lisboa para a produção solar
A escolha da capital portuguesa para o lançamento desta iniciativa não foi ao acaso: o facto de Portugal ter tido, no dia 11 de março de 2018, um “novo máximo histórico na Produção Eólica Diária” registado pelas Redes Energéticas Nacionais (REN), foi determinante para que o país ficasse reconhecido internacionalmente como “líder na área das energias renováveis”. Além disso, Lisboa foi eleita “Capital Verde Europeia 2020”.
Apresentando os resultados do estudo “Lisbon Solar City Vision”, Maria João Rodrigues, diretora executiva do Lisboa E-Nova (Agência de Energia e Ambiente de Lisboa), definiu o chavão “Lisbon Solar City” já como “uma marca”. Ao longo da apresentação de algumas estatísticas, a responsável defendeu que a cidade “não é nova” no que diz respeito às “políticas de energia e clima”, estando a trabalhar em medidas há algum tempo. Maria João Rodrigues defendeu também o “grande potencial” da cidade para a geração de energia. “Temos muita radiação a incidir sobre os telhados da cidade todo o ano, o que corresponde a sete vezes a energia elétrica que é consumida na cidade. 44% dos telhados podem oferecer boa exposição solar”, indica.
José Sá Fernandes, vereador da câmara de Lisboa para a Estrutura Verde, Ambiente, Clima e Energia, parece concordar com esta ideia de “Cidade Verde”. Defendendo que a cidade tem um “tempo solarengo durante todo o ano”, o responsável referiu que a autarquia apostou em “vários objetivos” como o facto de “duplicar” o uso da “energia solar a cada ano” em detrimento das energias fósseis. O autarca vai mais longe e diz mesmo que é a altura de “escolher a mudança da energia em Lisboa”.
Dirigindo-se a todos os autarcas e vereadores presentes no evento, José Sá Fernandes apelou à união de todos: “Juntos, podemos conseguir boas soluções para o futuro”, conclui.