O programa “Patrulha Gato” foi agora aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa e começará a ser executado já este mês, depois de ter sido recomendado em dezembro de 2018 pela Provedora Municipal de Lisboa. A implementação deste projecto, que prevê a recolocação de colónias de gatos em risco — ou de felinos capturados que, devido às suas condições de saúde, devam viver num ambiente mais controlado –, em zonas com queixas sobre a presença de roedores, será feita no âmbito do Protocolo entre o Município de Lisboa e a Associação Animais de Rua, iniciado já em 2013. Os estudos demonstram que os felinos não assumem, por norma, um comportamento predador, no entanto, a sua presença revela-se dissuasora do surgimento de várias espécies de roedores, incluindo ratos e ratazanas.
Os munícipes que, tendo o devido espaço exterior e condições que respeitem o bem-estar destes felinos, queiram acolher e beneficiar da presença destes animais, podem a partir de agora fazer o pedido diretamente à Autarquia. Os pedidos de acolhimento de gatos silvestres podem ser feitos por particulares ou organismos públicos ou colocados, a pedido da Direção de Higiene Urbana, em locais públicos sinalizados com excesso de ratos e onde não haja impedimento logístico ou legal à colocação de gatos.
Este projeto lançado agora pela Animais de Rua em parceria com as entidades lisboetas surge como complemento à atividade desenvolvida pela Associação na autarquia com o Programa CED (Captura-Esterilização-Devolução) através do qual já foram identificadas e intervencionados mais de mil colónias de animais em Lisboa, promovendo-se assim a salubridade pública e a qualidade de vida dos animais.
Marisa Quaresma dos Reis, provedora dos Animais de Lisboa, destaca que: “Num cenário como o de Lisboa, com obras constantes, tráfego congestionado e bairros de grande densidade populacional, a gestão das colónias de gatos errantes não poderá passar apenas pela sua captura, esterilização e devolução ao local de origem. Torna-se necessário encontrar soluções humanas, éticas e úteis à cidade que garantam, em simultâneo, o bem-estar dos nossos munícipes e o respeito pela natureza silvestre dos animais alvo de intervenção CED. Com o ‘Patrulha Gato’ encontramos forma de dar destino diferente às colónias intervencionadas, quando necessário, sendo que a actividade destes animais apoiará o trabalho da Higiene Urbana no controlo de ratos, de forma ética, sem impacto ambiental e sem riscos para a saúde humana. Além de ser um método extremamente eficaz no afastamento de ratos, é também uma solução muito pedagógica e com grande potencial de sensibilização junto da comunidade.”
Maria Pinto Teixeira, presidente da Animais de Rua, refere que: “Temos tido em Lisboa e nas outras autarquias onde actuamos resultados muito positivos através do método CED com a recolha, esterilização e devolução dos animais encontrados na via pública, ou do seu encaminhamento para adopção quando é possível. Acreditamos que o ‘Patrulha Gato’ será um importante complemento aos resultados deste método, no controlo da presença de outras espécies cuja população possa implicar riscos para a saúde pública, de forma mais ética e mais ecológica do que as medidas atualmente implementadas e que será depois reproduzido noutras cidades.”
Recorde-se que a a Lei 27/2016, de 23 de agosto veio estabelecer medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficiais de animais e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população, privilegiando a esterilização. De resto, este tem sido o trabalho desenvolvido pela Animais de Rua que, através das suas equipas, já esterilizou e proporcionou melhores condições de vida a mais de 30 mil animais desde a sua fundação em 2008, em todo o território nacional.