O segundo webinar da Lipor, realizado esta quarta-feira, dedicou-se ao tema “Reciclagem na fonte de biorresíduos” com destaque para o tratamento local. Esta sessão faz parte de um conjunto de quatro webinars que a Lipor está a realizar no âmbito das comemoração dos 15 anos da Central de Valorização Orgânica da Lipor.
Tânia Pinto, responsável pela divisão de logística e infraestruturas da Lipor, começou por destacar que, na intervenção que a Lipor faz, uma das principais dificuldades é que, no RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), regista-se “cerca de 40% de material orgânico” e o “transporte” e o “tratamento”, seja por “incineração ou deposição em aterro”, tem o problema da “emissões de CO2”. Para combater esta barreira, aquela que parece ser uma das soluções mais eficazes é precisamente o tratamento local, que passa pela “compostagem caseira, comunitários ou parques verdes”. E a Lipor tem vindo a trabalhar esta vertente do tratamento local desde há muitos anos: “Entretanto, houve uma série de projetos que também estiveram associados à nossa estratégia de tratamento local”, sustenta a responsável. O caminho que até agora tem sido feito já resultou em “mais de 15 mil de compostores entregues” e, em 16 locais, existem “67 compostores associados a locais de compostagem comunitários”. Assim, a Lipor está a “tratar localmente cerca de 6.600 toneladas de biorresíduos por ano”, o equivalente a “cerca de 1175 toneladas de CO2 evitado”.
Do lado espanhol, foi convidado o técnico de Meio Ambiente do município de Allariz, na Galiza, Xosé Romero, para falar sobre a “Valorização local de Biorresíduos”. De acordo com o responsável, o município estabeleceu, em 2014, o objetivo de cumprir em 2020 o Programa Horizonte 2020: tal significa a “redução de 80% dos resíduos gerados”. Para esta meta, o responsável considera fundamental “trabalhar cada matéria orgânica” como os biorresíduos, visto que “fazem parte de 50% da bolsa do lixo que cada cidadão produz”. Em 2015, deram início à implementação do sistema de compostagem. Começou-se por “identificar os resíduos” e, daqueles que seriam possíveis aproveitar, iriam para composto ou reciclagem. Simultaneamente, o município promoveu várias campanhas de sensibilização para incentivar a população a adotar a prática da compostagem. Desde então, a compostagem caseira já é uma realidade neste concelho: “Estão instalados 50 compostores caseiros nas zonas mais rurais e 140 comunitários de grande capacidade”. Destes 140, o responsável destaca que 20 estão instalados em diferentes zonas de vila: “São ilhas de compostagem que permitem às famílias levarem os resíduos e fazer o tratamento dos mesmos”.
Este é um projeto que já está sólido em Allariz. Embora, no início, o projeto tenha sido motivo de desconfiança por parte da população, Xosé Romero afirma que a trajetória do município permitiu apaziguar o receio: “Hoje, temos um sistema ágil: sempre que surgem problemas, há a capacidade de os resolver no momento, fazendo com que a população colabore no projeto”. De 2015 a 2019, já há uma grande parte da população que faz separação dos resíduos e a própria compostagem, refere o responsável, dando nota de que quem não aplica a prática, aparenta “razões óbvias” para não o fazer.