O terceiro webinar da Lipor, realizado esta terça-feira, dedicou-se ao tema “Recolher para Devolver: Qualidade e Eficiência na Recolha Seletiva”. Esta sessão faz parte de um conjunto de quatro webinars que a Lipor está a realizar no âmbito das comemoração dos 15 anos da sua Central de Valorização Orgânica.
Ana Lopes, gerente de projetos na unidade de projetos operacionais da LIPOR, reiterou a importância de “considerar um resíduo como um recurso” capaz de dar respostas aos desafios que estão pela frente e cujo interesse e objetivo é “fechar o ciclo dos nutrientes, preservar a biodiversidade, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e materializar uma bioeconomia sustentável”.
É com base na temática “Recolher para Devolver: Qualidade e Eficiência na Recolha Seletiva” que a responsável afirma que são vários os desafios que estão em cima da mesa e que permitem “garantir o cumprimento das metas” e também a “recolha seletiva de biorresíduos em municípios de maior densidade populacional” que, a partir de 2024, será obrigatória. E uma das grandes barreiras prende-se com o “próprio fluxo de biorresíduos”, particularmente nos “resíduos alimentares”, com desafios tanto para o cidadão residente como para o município. Ao nível do munícipe, “existe uma resistência associada ao fluxo alimentar e as pessoas associam a algo que não é limpo e obriga a algum cuidado”, diz, afirmando que “pode ter algum impacto no seu envolvimento na reciclagem e na sua participação no processo”. Já ao nível do município, os desafios centram-se na “gestão dos circuitos de limpeza dos equipamentos que venham a estar na via pública” e na “gestão dos circuitos de recolha” que, obrigatoriamente, “vão ter que ser estabelecidos em função de frequências e não no grau do enchimento dos equipamentos”.
De acordo com a responsável, a Lipor sempre privilegiou “matérias-primas de qualidade” e, para se obter “biorresíduos de alta qualidade”, exige-se um “trabalho de logística bem planeado”, de forma a ter “um produto que seja reconhecido, de excelência e aceite pelo mercado”. Em 2019, a entidade “comercializou 11.500 toneladas de composto destinado à agricultura” e que, inclusivamente, “tem uma gama que está certificada para utilização em agricultura biológica”. O objetivo é “ter sempre produtos diferenciadores”, sublinha.
Um dos focos da Lipor passa pelo trabalho de parceria com os seus municípios, no sentido de estabelecer um “trabalho em contínua análise crítica” sobre a “recolha seletiva” e com vista a “alargar e desenvolver o conjunto de operações que otimize” a tal recolha seletiva. A estratégia, segundo Ana Lopes, passa pela recolha porta-a-porta no setor residencial e não residencial. Atualmente, contabilizam “13 mil habitações com recolha seletiva de alimentos”. Os projetos em desenvolvimento e cofinanciados pelo POSEUR vão permitir a que, no futuro, o número aumente: “Vamos conseguir alcançar 123 mil habitações”, afirma.
[blockquote style=”2″] Vila do Conde é um bom exemplo no que respeita à recolha seletiva [/blockquote]
Dentro das estratégias da Lipor, está também a “recolha seletiva dedicada em circuitos de porta a porta de resíduos verdes”. Além disso, a responsável diz que a aposta na recolha residencial de proximidade é para continuar “no caso do resíduos alimentares e resíduos verdes com acesso condicionado, para garantir que conseguimos monitorar quem participa e a qualidade dos resíduos”. Ana Lopes dá o exemplo do município de Vila do Conde, sendo o que tem “maior expressividade” no que respeita à “recolha seletiva” com equipamentos de proximidade: “Tem 700 equipamentos e atingiu um novo recorde de recolha com 434 toneladas recolhidas em junho”. Este é um exemplo da importância que é trabalhar em parceria e assim dar a “possibilidade aos municípios de otimizarem os serviços a pedido de que disponibilizam aos seus munícipes”.
E como suporte, Ana Lopes afirma que será reforçada a “recolha” por via de “aquisição de viaturas” ou “equipamentos e implementação de infraestruturas para operações de transferência”. Além disso, serão integradas “soluções inovadoras que permitam a monitorização da participação do munícipe” e “saber qual o seu envolvimento” na recolha seletiva, permitindo à Lipor “ter acesso aos principais dados da recolha seletiva e das recolhas que são realizadas”. Trata-se de “uma informação rastreada” assente num “modelo escalável e robusto” e que está preparado e capaz de “suportar a implementação futura de projetos”, afirma a responsável.
Também as campanhas de sensibilização e de comunicação fazem parte das estratégias da entidade e que merecem grande relevância, visto que são o único meio que permite “provocar mudanças de comportamentos no cidadão” e da sua participação nas ações que desenvolvem, remata.