Liderar o turismo do futuro é fazer de Portugal um dos destinos mais sustentáveis do mundo
O Turismo de Portugal tem um propósito: “Afirmar Portugal como um dos destinos mais competitivos, seguros e sustentáveis do mundo”, tal como previsto na Estratégia Turismo 2027. E o “Plano Turismo + Sustentável 20-23” é o “reflexo do compromisso” de tal estratégia, em “intervir” e “apoiar” iniciativas que reforcem o “papel do turismo” na “construção de um mundo melhor para todos”.
A Ambiente Magazine foi ao encontro de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, para perceber em que consiste o Plano agora conhecido e qual o foco da entidade, no momento em que está a “desenhar” o futuro do setor. O Plano, segundo o responsável, assenta em quatro eixos estratégicos que visam “estruturar uma oferta cada vez mais sustentável”, “qualificar os agentes do setor”, “promover Portugal como um destino sustentável” e “monitorizar as métricas de sustentabilidade do setor”. Embora coordenado pelo Turismo de Portugal, Luís Araújo reforça que o Plano exige o “compromisso” e uma “estreita articulação entre toda a comunidade relacionada com o setor” integrando, nos trabalhos a concretizar, as “estruturas regionais de turismo do continente” e “regiões autónomas”, a “Confederação do Turismo de Portugal (CTP)”, as “associações empresariais do setor”, em colaboração, ainda, com as “restantes tutelas, entidades públicas regionais e locais cuja atuação também se relacione, direta ou indiretamente, com a atividade turística”.
A dedicação e o empenho no objetivo de afirmar Portugal como um dos destinos mais sustentáveis concretiza-se também nas várias iniciativas recentes: “O Turismo de Portugal aderiu ao Global Sustainable Tourism Council (GSTC) e ao Pacto Português para os Plásticos, além de manter uma participação ativa no World Travel & Tourism Council (WTTC) e na European Travel Comission (ETC)”, refere o dirigente.
Metas e ações nos próximos três anos
Segundo Luís Araújo, um dos grandes objetivos a alcançar em 2023 prendem-se com o “aumento de 50% de empreendimentos turísticos com sistemas de eficiência energética, água e gestão de resíduos”, a “eliminação de plástico de uso único em 50% de empreendimentos turísticos de quatro e cinco estrelas”, a “adesão de 25 mil aderentes ao selo Clean & Safe, 30 mil formados e mil auditados” a “formação de 50 mil profissionais nas áreas da sustentabilidade”, e “atingir as 500 referências internacionais sobre oferta sustentável em Portugal”. Resultante de um trabalho conjunto “envolvendo os parceiros do setor”, o Plano “abrange mais de 70 projetos e ações” que, de acordo com o presidente do Turismo de Portugal, visam “contribuir para a resposta do turismo à urgência dos desafios da sustentabilidade definidos à escala mundial, europeia e nacional”, estando alinhados com os “objetivos da Estratégia Turismo 2027” e da “política de retoma do setor pós-Covid-19”.
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Ainda no âmbito do “Plano Turismo + Sustentável 20-23”, o Turismo de Portugal celebrou um protocolo com o Fundo Ambiental: “Está disponível um financiamento de 200 mil euros, financiável a 100% pelo Fundo Ambiental, e um prazo de realização até 31 de dezembro de 2020”. Luís Araújo refere que este protocolo assenta em “incrementar as competências dos profissionais do setor do turismo”, “alavancar iniciativas e dinâmicas já existentes”, “dar visibilidade a boas práticas” e “inspirar todos a fazer melhor”, com o objetivo de “alcançar melhores resultados em termos de receitas, da satisfação dos turistas e da preservação do nosso planeta”.
O “Plano Turismo + Sustentável 20-23” é, assim, segundo Luís Araújo, o “referencial estratégico, participativo e dinâmico, alargado e criativo”, através do qual o Turismo de Portugal assume a “responsabilidade de mobilizar os agentes e a sociedade para a promoção da sustentabilidade no Turismo em Portugal”, nos próximos três anos.
Recuperação assente na sustentabilidade
Questionado sobre o papel que o setor do turismo assume, enquanto “player” fundamental da mudança de paradigma, o presidente do Turismo de Portugal citou as orientações globais da Organização Mundial do Turismo, definidas pelo Comité Global de Crises de Turismo, para afirmar que “a recuperação responsável do setor”, após a pandemia Covid-19, permitirá que “este retome a atividade ainda mais forte e mais sustentável”. E em Portugal, o responsável declara que a “recuperação do setor assente na sustentabilidade” permitirá, “não só a resiliência perante futuras crises”, como também, o “retomar da atividade turística sob o compromisso de fazer melhor e com maior segurança”, dos pontos de vista “económico, social e ambiental”. Assim, num “esforço conjunto” que vai envolver “todos os protagonistas do setor”, a ambição do Turismo de Portugal é posicionar o país como um dos “destinos mais competitivos e sustentáveis do mundo” e “fazer do turismo um hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o território”.
Como é que se prepara o futuro?
No momento em que os “olhos” estão postos no futuro, temas como a “sustentabilidade”, “transição verde” ou “descarbonização” são prioridade nos planos de recuperação. A questão que se coloca é “Como é que o Turismo de Portugal está a preparar o futuro?”. Luís Araújo não tem dúvidas de que “liderar o turismo do futuro” implica, desde logo, “posicionar Portugal” como um “destino sustentável” com um “território coeso, inovador e competitivo” e como um país que “valoriza as profissões turísticas e atrai talento”. O responsável sublinha a necessidade de transmitir o destino português como sendo o local ideal “para visitar, investir, viver e estudar”, traduzindo-se num país “inclusivo, aberto e criativo que se destaca como uma referência na produção de bens e serviços distintivos, diferenciadores e, sobretudo sustentáveis, para a atividade turística à escala mundial”.
Ainda com o intuito de “alcançar as metas de sustentabilidade definidas” na Estratégia Turismo 27, foram criados Observatórios de Turismo Sustentável, no Alentejo, Algarve e Açores, prevendo-se a curto-prazo a extensão a outras regiões. O objetivo, segundo Luís Araújo é “permitir um conhecimento aprofundado dos impactos da atividade no território” e “uma maior eficiência no planeamento e gestão dos destinos”, sendo esta uma das “metas estratégicas do Turismo de Portugal”, pretendendo contribuir para “afirmar Portugal como líder internacional em matéria de sustentabilidade”.
Também o Programa Revive, considerado um “case study internacional”, é um outro exemplo que comprova a atuação do Turismo de Portugal no cumprimento de tais metas: “Trata-se de um projeto que pretende promover a requalificação e aproveitamento turístico de imóveis públicos devolutos e degradados, de valor arquitetónico, patrimonial, histórico e cultural, convertendo-os em ativos económicos, geradores de emprego e riqueza”. Luís Araújo não tem dúvidas de que a “reabilitação urbana” constitui, assim, uma “ferramenta” que promove a “revitalização”, a “regeneração do espaço”, o “respeito pela sua identidade e a sua devolução às populações” como “novos espaços de fruição pública”.
[blockquote style=”2″]Indústria turística nacional na linha da frente[/blockquote]
É um propósito de todo o setor afirmar Portugal como destino “sustentável, inovador e competitivo”, com base num “território coeso e onde trabalho e talento são valorizados”. Mas o presidente do Turismo de Portugal chama a atenção para o facto de tal concretização só ser possível através da total “incorporação”, nas empresas, de “soluções, métodos e ferramentas que tornem os processos mais eficientes do ponto de vista do uso dos recursos”. E o objetivo do “Plano Turismo + Sustentável 20-23”, é precisamente o de “promover a partilha do conhecimento sobre boas práticas de sustentabilidade no turismo”, potenciando a “capacidade de adoção de práticas” que, globalmente, “contribuam para atingir os objetivos da Estratégia Turismo 2027”, sustenta. É, assim, desejo do Turismo de Portugal que a “indústria turística nacional” esteja na “linha da frente” das “preocupações com o desenvolvimento sustentável” e na “implementação de novos procedimentos nos modelos de negócio” e nas” operações”, com vista a uma “recuperação ainda mais forte da atividade”.
Os últimos anos têm sido gloriosos no que ao Turismo diz respeito. E, apesar dos “elogios ao turismo português”, com “muitas das medidas do Governo a serem mesmo consideradas case study internacionais”, Luís Araújo considera que há ainda um “longo caminho a percorrer” na “prossecução das metas” da Estratégia Turismo 2027, que continua a ser o “objetivo da atuação” do Turismo de Portugal.
No entanto, no que à atividade turística diz respeito, o presidente do Turismo de Portugal é perentório: “Assumimos o nosso papel e reforçamos o compromisso com a consolidação e sustentabilidade das empresas do setor, com renovadas apostas no acesso ao investimento, à capacitação, aos mercados e ao conhecimento”. E, se o passado mostra que, em “quatro anos”, foi possível “aumentar em 60% as receitas recorrentes do turismo”, o dirigente acredita que “temos capacidade, com o empenho de todo o setor, de fazer ainda mais e melhor para retomarmos a rota do crescimento”, contribuindo “efetivamente para recuperação económica do país”. Luís Araújo diz ainda que as “ações” e “medidas” identificadas no “Plano Turismo + Sustentável 20-23” não esgotam a missão do plano, “podendo, ainda, acrescer a estas, outras que durante os três anos da sua vigência se venham a identificar igualmente relevantes”.
A gestão e monitorização das ações e projetos a concretizar ao longo destes três anos feita pelo Turismo de Portugal permitirá, de acordo com o responsável, “proceder à necessária reavaliação do Plano”, na perspetiva de “garantir a sua continuidade a partir de 2024”, como uma “segunda fase” do desafio de tornar “Portugal um destino turístico sustentável”.
[blockquote style=”2″]Liderar o turismo do futuro como foco na transformação digital[/blockquote]
Com a necessidade de responder aos efeitos da pandemia da Covid-19, foi reforçada a intenção de “liderar o turismo do futuro” com foco na transformação digital: “Continuamos a apostar nesse objetivo para mobilizar todo o setor”, no sentido de “nos posicionarmos o melhor possível” para “podermos ser dos que mais investem na retoma sustentável da sua atividade”, destaca o responsável.
Assim, a digitalização é também um foco do “Plano Turismo + Sustentável 20-23”. Agora, mais do que nunca, a aposta na inovação é fundamental: “Não apenas para aumentar a visibilidade do destino, como para maximizar a experiência turística”, reforça. E se há setor de atividade que, do ponto de vista de Luís Araújo, está a “liderar a incorporação de mudanças” e “tendências disruptivas”, nomeadamente tecnológicas, é sem dúvida o turismo: “E o NEST – Centro de Inovação do Turismo constitui-se como um instrumento-chave para afirmar Portugal como uma referência mundial na inovação em turismo, antecipar tendências e promover a sustentabilidade do setor”.
A retoma do setor do turismo a nível global é visto como um dos maiores desafios económico das últimas décadas. E o ritmo será sempre marcado pela evolução da própria pandemia, mas sobretudo, pela tão falada recuperação da confiança. Para Luís Araújo é essencial que o “medo seja vencido”, sendo essa a “vertente mais intangível” que surge como o maior desafio: “Acredito que com o empenho de todo o setor, públicos e privados, retomaremos a rota de crescimento e voltaremos aos resultados do passado”.
O presidente do Turismo de Portugal quer, assim, olhar para esta pandemia como o “momento certo” para “reforçar” o foco na sustentabilidade, de modo a que a “retoma da atividade” contribua para um “turismo ainda mais forte e mais sustentável”.
E no futuro…
Queremos ser um país cujo setor turístico se preocupa com o ambiente e acredito que, até 2027, Portugal será um dos destinos mais competitivos, seguros e sustentáveis do mundo. A título de exemplo, podemos destacar que Portugal se encontra entre os 30 países mais sustentáveis do mundo, de acordo com ´Environmental Performance Index 2020`. São referências como estas que refletem o compromisso de Portugal em assumir políticas responsáveis do ponto de vista ambiental e da sustentabilidade. O setor do turismo, enquanto atividade económica transversal e transformador, faz parte deste desígnio nacional e pode contribuir de forma efetiva para um mundo melhor.