O presidente da região espanhola de Castilla-La Mancha, García-Page, assegurou recentemente que a infraestrutura hidráulica Transvase Tejo-Segura “não teria sido possível” em democracia, “porque os cidadãos poderiam ter dado a sua opinião antecipadamente e de forma livre”, cita a Lusa.
Numa mensagem transmitida através das redes sociais, o governante enfatizou a solidariedade que os habitantes de Castilla-La Mancha têm demonstrado, ao longo de quase quatro décadas, com as comunidades beneficiárias do leste, perante a obra “projetada e construída durante o período franquista”. Apesar de não adiantar pormenores, García-Page ressalvou que “é hora de alterar as coisas”.
A 27 de dezembro de 2017, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, comprometeu-se a acelerar os trabalhos para um novo Plano Nacional da Água em Espanha, através da apresentação no parlamento de uma iniciativa para reunir o consenso partidário nesta matéria. Rajoy anunciou a intenção num evento na região autónoma de Múrcia, uma das regiões de Espanha que mais beneficia do transvase Tejo-Segura, uma das maiores obras de engenharia hidráulica alguma vez realizadas em Espanha. Através desta estrutura o governo central em Madrid autoriza o transvase de água do Tejo para o rio Segura, que nasce na região de Castela-Mancha, mas flui maioritariamente por Múrcia.
Os governos regionais de Castela-Mancha e da Extremadura espanhola são críticos destas passagens de água para Múrcia, afirmando que os caudais do Tejo já são demasiado baixos (especialmente no Verão). A medida pode ter impacto sobre o caudal do Tejo em Portugal, que mantém com Espanha acordos bilaterais sobre a gestão dos rios internacionais, partilhados pelos dois países.
*Foto de Lusa