Leia aqui as principais conclusões da 2.ª edição das Jornadas Ibéricas pela Ferrovia

A 2.ª edição das Jornadas Ibéricas pela Ferrovia teve como mote “Intermodalidade e a interligação de serviços” e contou com a presença de dezenas de especialistas para discutirem diversos aspetos da rede ferroviária ibérica, desde as plataformas rodoferroviárias para mercadorias, o plano de serviço ibérico para passageiros e ainda as infraestruturas necessárias para conectar as cidades ibéricas.

Esta iniciativa foi promovida pela Aliança Ibérica pela Ferrovia, uma plataforma que junta 21 organizações sociais, sindicais, económicas e ambientais de Portugal e Espanha com o objetivo de melhorar os serviços ferroviários em toda a península ibérica, e foi organizada pala associação ZERO.

Entre as conclusões do evento está a necessidade do Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, agendado para 2030, em Portugal, Espanha e Marrocos, ter medidas de deslocação entre os países vizinhos através da ferrovia. Além dos serviços de alta-velocidade, é importante que seja feita uma análise da rede de serviços noturnos e dos serviços regionais transfronteiriços que têm sido cancelados e/ou reduzidos nos últimos 50 anos.

Das jornadas saiu também o apelo a que a criação de serviços que pode ser operacionalizada desde já, não espere pela plena concretização dos grandes investimentos que, sendo inadiáveis e urgentes, demorarão algum tempo a concretizar-se como a nova travessia ferroviária do Tejo que não ficará pronta antes de 2030.

Especificamente, foram propostos para 2025 serviços diretos de longa distância entre Madrid e Lisboa, em formato diurno, e noturno para Barcelona. Também serviços diretos entre Madrid e Porto via Salamanca e Fuentes de Oñoro, assim como serviços regionais entre Badajoz e Lisboa, e na costa atlântica, no eixo Porto-Vigo-Santiago-A Corunha.

Noutro ponto, concluiu-se que a ferrovia deve estruturar o transporte ibérico de mercadorias que representa cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono da mobilidade terrestre e do consumo de combustíveis rodoviários.

Além disso, o desenvolvimento das infraestruturas em falta deve ser acelerado para reduzir o uso do transporte rodoviário e eliminar as viagens aéreas nas curtas distâncias. “Portugal não deve repetir os erros de Espanha, desenvolvendo a rede transeuropeia principal que liga portos, aeroportos e grandes centros urbanos, sem ter em conta a sua conexão com a rede convencional, que deve continuar a sofrer melhorias nas suas diferentes dimensões, nomeadamente na acessibilidade às estações através de corredores pedonais, cicláveis e de transporte público rodoviário”.

Por fim, os direitos e condições laborais atrativos são decisivos para formar e o reter talento que é necessário para revolucionar a mobilidade ibérica.

“Como conclusão fundamental de mais uma edição de Jornadas Ibéricas pela Ferrovia, não podemos ter políticas de transporte “esquizofrénicas”, isto é, manter um discurso consensual sobre a importância da ferrovia para cumprir metas climáticas e na prática aprovar medidas favoráveis ao transporte rodoviário ineficiente dependente de combustíveis fósseis”, lê-se no comunicado enviado à imprensa.