A Lei 2035, como acaba por ficar conhecida, foi aprovada em fevereiro deste ano pelo Parlamento Europeu. A nova legislação dita a proibição de venda de carros ligeiros movidos a combustão, ou seja, gasóleo e gasolina, a partir de 2035. Além disso, a lei exige ainda que, até 2055, os fabricantes de automóveis cortem em 100% as emissões de CO2.
Com esta legislação em vigor, será impossível vender e/ou comprar veículos movidos a combustão, pelo menos nos estados-membros da União Europeia.
Mas não será uma utopia ou um prazo proposto em cima do joelho? José Maria Sacadura, um dos fundadores da Powerdot, operadora de carregadores para carros elétricos, disse à Ambiente Magazine que 12 anos é muito tempo e poderá ser suficiente: “sobra tempo para os fabricantes começarem a organizar-se para fazer o phase out deste tipo de veículos”. Todavia, admite que “pode haver algumas incompatibilidades ou conjunturas que podem afetar esse prazo, como a pandemia, a inflação e a guerra”.
Para atingir esta neutralidade tão desejada ao nível dos automóveis, “os fabricantes vão ter aqui um papel muito importante”: “cada vez mais começam a produzir gamas eletrificadas no seu portfólio, existindo mais de 80 modelos de carros elétricos à venda. A tendência é que comecem a produzir mais, a criar economias de escala nas suas fábricas e armazéns, para que também o preço fique mais competitivo e seja mais apetecível para o consumidor final”.
Apesar do cenário poder ainda sofrer alterações, o CEO acredita que a lei “poderá levar as pessoas a fazer a transição de combustão para elétrico” porque as próprias começam a ganhar consciência dos benefícios da mobilidade elétrica, apresentada como solução limpa e sustentável face aos gases poluentes emitidos pelos veículos movidos a gasolina ou a gasóleo.
“Tem de haver uma simplificação dos processos, que achamos que são demasiado pesados e burocráticos”
Ao lado de Luís Santiago Pinto, o outro fundador da Powerdot e essencialmente responsável pelas operações internacionais, José Maria Sacadura encarrega-se sobretudo do mercado nacional.
E como está Portugal na corrida à mobilidade elétrica?
“Há coisas que podemos fazer mais e melhor”, frisou o responsável, explicando que “há alguns entraves à instalação de postos de carregamento, com questões muito associadas a burocracias, licenciamentos municipais, ligações à rede, que por vezes atrasam a instalação dos carregadores, coisas que fogem muito do nosso controlo. Estamos dependentes dessas entidades terceiras para iniciar a exploração dos postos de carregamento, por exemplo”.
Neste momento, a operadora portuguesa de carregadores para veículos elétricos está a colocar mais postos de carregamento em fase de instalação para que saiam cada vez mais postos de carregamento em operação, mas defende que as burocracias têm de ser facilitadas. Por isso, a empresa “tem feito um trabalho junto destas entidades responsáveis, sendo consultada várias vezes para ajudar a como simplificar este processo”.
Saiba que Portugal foi o primeiro mercado em que a Powerdot começou a atuar e o co-fundador afirmou que “temos bons indicadores da venda de veículos elétricos, portanto os portugueses têm apostado cada vez mais neste tipo de carros” – o que pode ser um bom sinal para a Lei 2035 que a União Europeia quer fazer vingar.
Por: Redação Ambiente Magazine
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