O mês de julho, em Portugal continental, classificou-se como normal em relação à temperatura e muito seco em relação à precipitação, segundo o boletim informativo Clima e Energia da Lisboa E-Nova – Agência de Energia e Ambiente de Lisboa.
A precipitação total, 3mm, corresponde a apenas 22%% do valor normal, sendo o 5º mês de julho mais seco desde 2000. Em termos acumulados, a precipitação no ano hidrológico 2022/2023 (1 de outubro 2022 a 30 de setembro de 2023), 776 mm, corresponde a 93% do valor normal.
De acordo com o índice PDSI, no final de julho, verificou-se um aumento da área do território Continental em seca meteorológica, bem como da sua intensidade. A distribuição percentual de classes no fim de julho: “3,1 % na classe normal, 38,0 % em seca fraca, 24,5 % em seca moderada, 19,1 % em seca severa e 15,3 % em seca extrema”.
31% das albufeiras mantém disponibilidade acima de 80%
No final de julho, 18 albufeiras mantinham volumes de armazenamento acima dos 80%. Apesar da expectável descida, as grandes bacias hidrográficas mantêm armazenamentos superiores à média de julho, exceto nas bacias do Sado, Mira, Guadiana, Mira, Arade e Ribeiras do Algarve.
Produção solar ultrapassa, pela primeira vez, 10% do consumo
O consumo de energia elétrica em julho totalizou 4 178 GWh, o que representa uma descida homóloga de 5,4% (-3,1% com ctdu). A produção renovável abasteceu 43,3% do consumo (hídrica: 5,9%; eólica: 21,6%; biomassa: 5,6%; solar: 10,2%), a não renovável 28,1%, enquanto os restantes 28% correspondem ao saldo importador. Em termos acumulados (período jan-jul 2023) a produção renovável abasteceu 58% do consumo, que compara com 45% em igual período do ano anterior.
O grande destaque do mês de julho vai para a produção solar que abasteceu, pela primeira vez, mais de 10% do consumo. A potência solar em Portugal atingiu, em julho, 2 199 MW (com ponta de 1729 MW registada no dia 16).
Julho revela estabilização de preços
O preço médio aritmético da eletricidade produzida em julho fixou-se em 93,80 €/MWh, uma redução de 2% face ao mês anterior (95,59 €/MWh). Em termos homólogos, julho regista uma queda de 35%.
Preço das licenças mantém-se acima de 90€
Em julho a cotação das licenças de emissão manteve-se em valores na ordem de 90 Eur/t. Nos últimos meses a descida do preço do gás natural não foi acompanhada pelas licenças de emissão, antes pelo contrário. Há que ter em conta o período de inverno e a baixa produtividade eólica na Europa, que aumentaram a procura de licenças; e com o aumento da procura assistimos a um aumento de preços, em particular pelo efeito do suprimento do gás russo que implicou o aumento de 7% na geração de energia da UE com carvão. Este regresso do carvão tem feito soar alarmes, embora a UE diga que se trata de uma resposta de curto prazo.