As XXVIII Jornadas de Educação Ambiental promovidas pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), que decorrem em Almada, nos dias 8, 9 e 10 de abril, focam-se em quatro pontos temáticos chave: “economia circular, ação climática, voluntariado ambiental e cultura democrática” para a participação dos jovens nas políticas públicas.
As expectativas para a edição deste ano das Jornadas é grande.: “Os desafios da crise climática e perda da biodiversidade associados às crises ambiental e social provocadas pela guerra na Ucrânia, obriga-nos a uma cultura de diálogo por parte de todas as instituições democráticas e seus intervenientes, nomeadamente os cidadãos. Desta forma esperamos que estas jornadas possam mostrar a necessidade de reforçar esse diálogo permitindo, por um lado, que os cidadãos possam expressar os seus pontos de vista a outros cidadãos detentores de diferentes origens culturais e, por outro, permite que os decisores possam integrar nas decisões políticas os pontos de vista de todos os cidadãos”, declara o presidente da ASPEA, Joaquim Ramos Pinto. Para o responsável, “a democracia exige o envolvimento e o empenhamento ativo dos cidadãos na construção das políticas locais. Por esta razão, o sistema educativo e as organizações e instituições de educação devem assumir a preparação para o exercício da cidadania democrática como uma das suas missões centrais, de forma a que os jovens conheçam e compreendam os desafios com que
irão ser confrontados e as consequências das suas decisões, através de instrumentos orientadores
comunitários e nacionais”.
Estas jornadas pretendem ficar marcadas pela importância dos eixos temáticos que vão ser apresentados e debatidos nos três dias de evento, sendo os seguintes:
1. Educação Ambiental e participação social para aação climática
Atualmente, os efeitos da crise climática exigem uma resposta da humanidade, tornando-se urgente a adoção de medidas de adaptação e mitigação para as combater e aos seus impactos, como referenciado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas, nomeadamente no ODS 13 – Ação climática. As alterações climáticas são um problema relevante e sobre o qual é possível agir desde o nível individual ao global. Nesse sentido, a Educação Ambiental contribui para consciencializar as pessoas para a ação climática, através da educação para estilos de vida mais sustentáveis, e para a mobilização de recursos socioeducativos, que ajudam a educar e a preparar as comunidades para agir neste contexto, de modo a atingir uma sociedade que integre não só o crescimento económico e o desenvolvimento tecnológico, mas também a dimensão educativa e a cidadania ambiental.
2. Educação Ambiental como forma de alcançar um modelode economia circular
A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas contempla o objetivo no 12 – Produção e Consumo Sustentáveis. Para este objetivo são definidas metas que visam garantir padrões de consumo e produção sustentáveis, nas quais são abordadas as várias dimensões do desenvolvimento sustentável (social, económica, ambiental). A economia circular permite desagregar o crescimento económico do aumento do consumo de recursos, minimizando as perdas de energia, água e resíduos. É necessário conhecer os conceitos de consumo colaborativo e de economia de partilha, tornando como boas atitudes, a troca, a venda, o aluguer, a oferta, os bancos de tempo, as compras em grupo, entre outros. Estes são aspetos fundamentais e presentes no Plano de Ação da Economia Circular e na Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA) 2020.
3. Educação Ambiental e voluntariado ambiental para uma cultura de corresponsabilização
O voluntariado é fundamental para a força, resistência, solidariedade e coesão social da comunidade, sendo uma demonstração poderosa de como a solidariedade posta em prática pode construir um mundo melhor. O voluntário contribui com o seu tempo, conhecimento e energia para a paz, o bem- estar e o desenvolvimento sustentável. O papel das Organizações Não Governamentais de Ambiente, em Portugal, integra na sua ação, atividades, projetos e programas de Educação Ambiental, suportados num significativo número de voluntários. Os associados desenvolvem uma atitude de abertura em relação a outras culturas, crenças, visões do mundo e práticas. Para além disso, se os jovens aprenderem a valorizar a dignidade humana e os direitos humanos, a diversidade cultural, ambiental e a democracia, então estes valores serão utilizados como fundamento de todas as suas escolhas e ações e prosseguirão voluntariamente as suas vidas respeitando a dignidade e direitos humanos de outras pessoas e os princípios da democracia.
4. Educação Ambiental como promotora da cultura democrática nas políticas públicas
A Educação para a cidadania democrática engloba o ensino, a formação, a consciencialização, a informação, as práticas e as atividades que, munindo os alunos com conhecimentos, skills e entendimento e ao desenvolver as suas atitudes e comportamentos, têm por objetivo capacitá-los para o exercício e a defesa dos seus direitos democráticos e responsabilidades na sociedade, valorizando a diversidade e empenho numa participação ativa na vida democrática, com vista à promoção e proteção da democracia e do estado de direito. Chegou a altura de pensar e atuar “em” e “no” coletivo para os bens comuns. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, paradigmas e modos de vida, suportados por políticas de Educação Ambiental e participação social de proximidade com os cidadãos, em especial, reconhecendo o potencial educativo dos processos participativos nas políticas locais.
Um dos temas que a ASPEA pretende destacar é a Importância da educação ambiental, nomeadamente junto dos mais jovens. Segundo o presidente, “a Educação Ambiental é, mais que nunca, importante e necessária, tanto pelo contexto atual, ao atravessarmos um período pandémico Covid-19, a que se junta uma crise humanitária provocada pela guerra na Ucrânia, juntando-se a crise ambiental e emergência climática que enfrentamos, crises estas que acentuam as desigualdades sociais, o aumento da pobreza e dos grupos invisíveis (os grupos mais vulneráveis)”.
Joaquim Ramos Pinto deixa ainda a mensagem: “É importante trazermos os jovens, trazermos as gerações do presente para o debate e para a construção de políticas públicas que, sendo implementadas no presente, precisam ser apropriadas por quem irá ter de as considerar no futuro. Sem isto, muito mais difícilconseguir que a Educação Ambiental mude comportamentos”.