No ano em que comemora 45 anos, a JJTeixeira teve, desde a sua génese, a preocupação em saber adaptar-se aos novos contextos, afirmando-se hoje como uma smart carpentry. Foi no ano 1977 quando João Teixeira juntou a paixão à arte de trabalhar a madeira, tendo criado a sua própria carpintaria em Vila Nova de Gaia. Hoje, conversamos com o filho Joaquim Teixeira, administrador da JJTeixeira, que nos fala das conquistas, dos desafios e dos novos tempos, sempre com os olhos postos no futuro, mas sem nunca esquecer o passado e o presente.
Atenta aos desafios, a JJTeixeira introduziu, desde muito cedo, a inovação na sua atividade com o objetivo de assegurar crescimento e visão de futuro, unindo a carpintaria à engenharia e à arquitetura, ao design e à arte: “Foi com a introdução de uma linha de automatização da produção, em 2015, que a empresa transitou para uma indústria 4.0, com capacidade de produção diária de duas mil peças, assegurando mais eficiência, rigor e precisão em cada produto, através de novos processos construtivos inovadores”.
Intrínseca à sua atividade está também a responsabilidade ambiental: “Vemos na sustentabilidade um dos nossos mais importantes pilares”, assume o responsável, destacando a preocupação de “definir estratégias que seja adequadas às nossas convicções e que nos auxiliem a reduzir permanentemente a nossa pegada ecológica” através da implementação de “novas medidas de proteção ambiental e de sustentabilidade”, tanto no “universo interno” como, também, junto dos “clientes e parceiros”. Neste âmbito, Joaquim Teixeira dá o exemplo da implementação de ações de “aproveitamento de desperdícios”, de “otimização dos consumos” e da “utilização de água e energia” e de “fecho de ciclo do produto”, através da replantação de árvores: “Queremos equilibrar e compensar a nossa pegada carbónica e promover uma gestão responsável dos recursos em todos os momentos da nossa cadeia de produção. Acreditamos no equilíbrio e temos noção dos impactos da nossa atividade, o que nos faz pensar, permanentemente, em formas de sermos cada vez mais amigos do ambiente e das gerações vindouras”.
Um compromisso que a JJTeixeira não descura é “aliar” o crescimento económico à redução do impacto ambiental de uma forma sistemática e transparente: “Mantemos uma economia robusta e sólida para podermos minimizar os nossos consumos energéticos, promover a reciclagem, a reutilização e efetuar mudanças tecnológicas nos nossos equipamentos de produção”. Consciente de que a “madeira” é um material escasso, a empresa procura promover o “respeito pela matéria-prima em todos os processos”, sendo que a JJTeixeira é “certificada PEFC e FSC” e, em simultâneo, apoia os clientes a obter altas certificações de sustentabilidade: “É contra os nossos princípios a utilização de madeira explorada ilegalmente, proveniente de florestas ameaçadas ou que interfira com a com violação dos direitos humanos e civis”. Outra preocupação é a “desconsideração total” do uso da madeira com origem em florestas com árvores geneticamente modificadas, assegura o administrador, acrescentando que ao longo da atividade são utilizadas técnicas eco-eficientes, como as “soluções multicamadas ou os finger joints”, que constituem uma forma de “reaproveitamento facilmente aplicável em diferentes soluções”, sem descurar do seu “cariz estrutural ou estéticos”.
É através do programa de replantação de árvores, que a empresa pretende “minimizar o seu impacto no meio ambiente”, efetuando “cálculos de medição da quantidade de madeira utilizada em cada projeto” com vista à sua “reposição”, replantando árvores em território nacional, acrescendo uma “taxa adicional” ao preço final do produto. Além disso, explica o responsável, “os desperdícios, adjacentes ao trabalho da madeira, são aspirados através de um sistema transversal aos vários pavilhões da fábrica e reaproveitados para várias finalidades”, como a criação de “novos produtos”, o “aquecimento das instalações” e a “produção de pellets e briquetes: 25% da nossa produção energética é proveniente de painéis solares instalados na fábrica”. Com vista a reduzir a pegada ecológica, a JJTeixeira dá primazia ao trabalho com “madeiras provenientes de território nacional”, que permitam “reduzir os impactos dos transportes de longo curso”, sustenta.
Considerando que os desafios são sempre constantes, o foco da JJTeixeira é procurar estar, desde a sua origem, preparada para os enfrentar: “Só assim ganhamos maturidade e oportunidades de crescimento”. Ainda assim há desafios que se prendem com o facto da atividade da empresa assentar em processos de “constante aprendizagem e evolução”, que dependem fortemente de “estratégias de melhoria contínua e do envolvimento de clientes e parceiros na mesma missão”. A isto soma-se a “volatilidade climática”, enquanto preocupação crescente para as empresas numa ótica global, bem como as “condições da nossa matéria-prima”, que representa também “algumas dificuldades em ações que nos são subjacentes”, como a “medição do impacto ambiental e a criação de um ambiente favorável a emissões de baixa densidade”, indica. Outro dos desafios passa pela necessidade de “mais formação empresarial nesta área, dirigida e adaptada” à realidade dos seus profissionais: “Atualmente, estas formações são insuficientemente promovidas e apoiadas pelo próprio Estado, e isso dificulta a implementação de ações mais eficientes e com impacto mais direto em causas maiores”, aponta.
Assinalar 45 anos significa uma “forte evolução de toda a empresa”, não só em termos de “volume de faturação, de internacionalização e de dimensão dos projetos”, mas também de “aprendizagens, de flexibilidade e de superação de desafios” que, “há quatro décadas atrás, seriam impossíveis”, afirma o responsável, destacando que, neste momento, a JJTeixeira encontra-se num “momento de constante investimento na digitalização: Estamos convictos de que temos todas as condições para dar mais um passo em frente e passarmos de uma indústria 4.0 para um ambiente industrial 5.0”. Estes 45 anos motivam, ainda, a trabalhar para “contribuirmos para a internacionalização da arquitetura portuguesa” e, ao mesmo tempo, do “reconhecimento do know how dos players nacionais além-fronteiras”, sustenta.
O 45.º aniversário da empresa é também marcado pelo “rebranding da marca”, que traduz o “reposicionamento modernizado”, e surge acompanhado por um “filme tributo à madeira”, que conta com depoimentos de diversas figuras renomadas da arquitetura portuguesa: “Chama-se “Wood Stories” e abraça os testemunhos de oito gabinetes de arquitetura, numa reflexão entre o seu trabalho e o uso da madeira, na sua perspetiva e contexto de aplicação, de forma particular”. É objetivo da JJTeixeira que o filme entre no “circuito dos festivais do cinema” e que chegue ao público através de “diversos canais”, nomeadamente através de “transmissão televisiva”, refere.
Questionado sobre como perspetivam os próximos 45 anos, Joaquim Teixeira acredita que serão de “crescimento contínuo” e de “aposta em novas ações” que permitam “enaltecer a madeira e a arquitetura portuguesa” pelo mundo: “Pretendemos ser progressivamente mais tecnológicos, sem perdermos a componente humana que será sempre fundamental para nós, pelo princípio do “feito à medida” que nos define, e introduzir sempre as novas tendências globais do setor industrial”. Apostar na “relação com instituições de ensino superior que nos permitam introduzir novos conhecimentos na nossa forma de trabalhar”, é também um percurso que já está a ser iniciado e que se pretende reforçar: “Queremos também investir na criação de marcas próprias, idealmente em parceria com nomes notáveis dos mercados de arquitetura e do design, destinadas a novos segmentos do público e a projetos distintos, que nos permitam também evoluir em termos de serviços prestados, de know how e de rede de parceiros”, remata.