A “Arca de Noé” lisboeta convida todos os amantes do mundo animal e da natureza a visitar o seu mais recente habitante: uma fêmea de Órix-de-cimitarra (Oryx dammah), nascida na madrugada do dia 19 de julho.
A cria, agora com cerca de 20kg e que pode chegar aos 200kg na fase adulta, possui uns pequenos cornos, que podem atingir 1.20m de comprimento, fazendo lembrar uma cimitarra – espada tradicional de alguns povos do Médio Oriente, como árabes, turcos e persas, utilizada pelos antigos guerreiros muçulmanos. A cria integra agora, uma família constituída por dois machos e três fêmeas e promete cativar e deslumbrar os visitantes com os seus primeiros passos na aprendizagem de vivência em grupo.
Cada fêmea desta espécie pode dar vida a apenas uma cria por ano, que é amamentada até aos 4 meses, altura em que se torna praticamente independente da progenitora. É ruminante, alimentando- se, maioritariamente, de herbáceas e pode passar longos períodos sem beber água.
Segundo o Eng.º José Dias Ferreira, Curador de Mamíferos do Jardim Zoológico “O nascimento de mais um exemplar desta espécie representa um momento muito especial para o Zoo, uma vez que estes animais travam uma grande batalha contra a sua extinção. A caça, a seca e a desertificação das zonas áridas e desertas do Norte de África, contribuem em larga medida para este facto. É um orgulho podermos cooperar na sua reprodução e conservação”.
Atualmente, a espécie vive em jardins zoológicos ou áreas protegidas vedadas, nomeadamente na Tunísia, Senegal e Marrocos, sob cuidados humanos e sob programas de reintrodução a longo prazo.
Está também incluída no apêndice I da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção). Neste apêndice constam as espécies em que o tráfico ilegal representa uma das principais ameaças, podendo levar a estatutos de conservação mais graves.
O papel do Jardim Zoológico é crucial para a conservação e preservação desta espécie que se encontra classificada como Extinta na natureza, segundo a UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Para além de alojar seis Órix-de-cimitarra, participa no Programa Europeu de Reprodução da espécie (EEP) e apoia financeiramente projetos de reintrodução em parques naturais do Norte de África, através do seu Fundo de Conservação.
Diariamente, o Jardim Zoológico trabalha no sentido de proporcionar as condições ideais para garantir
o bem-estar dos seus animais e a reprodução das espécies. O objetivo a longo prazo é permitir a reintrodução nos seus habitats naturais.
A morada mais selvagem de Lisboa está à sua espera, e a pequena Órix-de-cimitarra também.