“Parte da inovação ainda é uma área que demonstra algumas pontes de conflitualidade entre diferentes visões e diferentes entendimentos sobre como é que o sistema de produção e consumo deve evoluir tendo em conta os desafios”. A declaração é de Inês Costa, secretária de Estado do Ambiente, que falou na manhã desta quarta-feira, 19 de janeiro, no evento “Eco Embalagens – Unboxing The Future” promovido pela Sociedade Ponto Verde.
No entender da secretaria de Estado do Ambiente, continuam a “persistir falhas importantes”, nomeadamente em assegurar uma “visão de sistema em torno do sistema de valor de um determinado produto”, na “distribuição das responsabilidades entre os agentes deste sistema” ou na “compreensão das interrelações entre os agentes e os efeitos de retorno que se repercutem no país”. Mesmo reconhecendo o “esforço que tem sido colocado no design e na inovação das embalagens”, sendo “necessário e determinante para avançar com novos ou antigos materiais que sejam 100% reutilizáveis e 100% recicláveis e que gerem impactos mínimos do ponto de vista ambiental”, Inês Costa partilha pontos que são imprescindíveis nesta equação: “Fechar o ciclo de vida não depende de uma única instituição mas de todos os que estão no sistema; desenvolver uma embalagem 100% reciclável ou 100% reutilizável é um bom princípio mas não podemos ficar por aí, é preciso reduzir”; e “parar com as guerras entre favores de objetivos comuns”. Posto isto: “Temos de meter um basta em cima da mesa: a quantidade de resíduos urbanos ou não urbanos continua a subir e não há sinais de abrandamento”. E aqui, reforça a dirigente, é vital reduzir: “Já não basta incentivar quem faz melhor, temos de penalizar quem não faz”.
Numa altura em que o “cumprimento das metas não está a ser assegurado”, Inês Costa considera que “não basta puxar pelas indústrias”, defendendo um “limite, meta ou ambição para levar as empresas no caminho” desejado.
Apesar de muitas das decisões no que toca ao design de embalagens estar fora do alcance dos importadores e de quem coloca no mercado nacional, Inês Costa não tem dúvidas das valias do país: “Portugal tem massa crítica para inovar nesta área: tem marcas próprias nacionais que podem apostar na área e trazer inovações para o mercado e levá-las para o exterior, influenciado o sistemas de valor”. Aliás: “Quanto mais perto do cidadão e quanto mais ativa a sua participação no sistema, estamos a trabalhar uma relação mais próxima e familiar entre quem vende e quem compra e isso é fortalecer a marca e o próprio negócio”, afinca.
Quando se fala em inovação, a dirigente defende na necessidade de se “inovar com sentido e com diferença”, algo que acarreta implicações e que têm sido ignoradas: “Não basta pensar no quão amiga do ambiente é a nossa solução de embalagem, se depois não temos interesse em pensar quando é sai de facto da nossa fábrica: a taxa de reciclagem só aumentam se existir recolha e se existirem empresas que reciclem”.
Apesar do cenário não ser animador, Inês Costa não quis deixar de reconhecer os bons exemplos que já existem no país, nomeadamente, na construção de grande equipamentos, apelando que esses mesmos cheguem a outros produtos: “Há valor e há inovação a ser feita em conjunto”.