O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou nesta segunda-feira o Plano Ferroviário Nacional (PFN) que prevê mobilizar uma ampla discussão pública sobre a rede ferroviária nacional e sobre os níveis de serviço que pretendemos para Portugal. A modernização da rede ferroviária, a resolução dos estrangulamentos no acesso às áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, bem como a nova linha de alta velocidade serão as principais preocupações que serão objeto da reflexão coletiva, lê-se num comunicado divulgado pela CPADA (Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente).
O encontro foi marcado pela presença de representantes de diversos setores e contou com contributos de operadores, utentes, autarquias, universidades e especialistas. As associações de defesa do ambiente estiveram representadas pela CPADA que felicitou o momento histórico: “Permitirá promover um amplo consenso social e político quanto às prioridades de investimento público na ferrovia – um dos mais importantes instrumentos de política pública para a transição ecológica e climática”, refere o mesmo comunicado. A CPADA felicita assim o objetivo assumido pelo ministro das Infraestruturas e Habitação de “promover uma aprovação do PFN em assembleia da república, consagrando-o em Lei”.
Reiterando as palavras de Pedro Nuno Santos, a CPADA lembra que “não há meio de transporte mais ecológico que o comboio e se quisermos ter menos carros nas cidades e estradas, temos mesmo de ter ferrovia pesada a ir aos centros das cidades, como é o exemplo de outros países europeus como a Suíça e Holanda”.
O investimento na ferrovia em Portugal tornará o país um “ativo contribuidor para a transição ecológica de que é necessário para conter o aquecimento global e os outros efeitos das alterações climáticas”, defende a CPADA, constatando que esse investimento vai “criar emprego verde” como nos casos da indústria ferroviária ou do turismo ferroviário (ainda pouco explorado como por exemplo na região do Douro), bem como “contribuir para a economia circular de que é exemplo recente a compra de material circulante ao operador espanhol e sua recuperação nas oficinas portuguesas”.
A CPADA felicita este importante passo formal, dando nota que mobilizará as suas associadas para acrescentar os demais contributos que se juntarão às sugestões que desde já se assinalam:
- Investir na ferrovia e nos serviços de alta velocidade tornando-os uma alternativa ao tráfego aéreo para distâncias inferiores a 1000 km;
- Definição de serviços internacionais fundamentais, entre os quais se deverão identificar os serviços noturnos com Espanha;
- Implementar sistemas de bicicletas partilhadas por iniciativa dos operadores ferroviários e/ou autarquias locais, assegurando complementaridade de serviços, em todas as cidades com mais de 50.000 habitantes;
- Eliminação do glifosato no tratamento de vegetação ao longo das infraestruturas ferroviárias até 2025 (à semelhança dos compromissos assumidos pela SNCF Réseau em França);
- Investimento em interfaces de transportes que privilegiam a relação entre a ferrovia e o território promovendo a acessibilidade do transporte coletivo a serviços, indústria e habitação.