Mais de 290 cientistas de seis continentes uniram-se a uma só voz para pedir aos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que acabem com os subsídios à pesca prejudiciais e que protejam a saúde do oceano.
Do leque de cientistas, que vão de economistas e biólogos a nutricionistas e especialistas em saúde, Bárbara Horta e Costa, investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg), faz parte da lista. A carta escrita pelos cientistas foi publicada, esta sexta-feira, dia 29 de outubro, na revista Science, e apela ao membros da OMC que cheguem, este ano, a um acordo que elimine todos os subsídios à pesca destrutiva, o que poderia contribuir para “acabar com a sobrepesca, a degradação e perda da biodiversidade, as emissões de CO2 e ainda a salvaguardar alimentos e meios de subsistência”.
Entre outras solicitações, a carta pede aos membros da OMC que “proíbam os subsídios que tornam mais barato comprar combustível para navios e que permitem a pesca em águas longínquas em alto mar ou em águas de outros países”. Este tipo de subsídios, de acordo com os cientistas, “prejudica injustamente os pescadores de pequena escala nos países em desenvolvimento, tornando mais difícil para estes competir com as grandes frotas pesqueiras de escala industrial dos países desenvolvidos”.
“É urgente acabar com os subsídios que contribuem para a sobrecapacidade e sobrepesca. A reunião da OMC deste Novembro é a oportunidade para isso. É fulcral ouvir os especialistas e esta carta inédita, assinada por 296 cientistas de 255 instituições, 46 países e 6 continentes, incita a esse comprometimento urgente por parte da OMC. Esperemos que esta carta contribua para essa mudança de paradigma na pesca mundial”, reitera Bárbara Horta e Costa, investigadora nas áreas de conservação marinha e gestão do CCMAR/UAlg.