Investidores portugueses revelam maior interesse no investimento sustentável
O estudo de Investidores Globais 2017 da Schroders, um inquérito a mais de 22.000 investidores de 30 países, descobriu que o investimento sustentável está a aumentar em todo o mundo. O inquérito destacou os países que estão mais avançados no processo e aqueles onde os comportamentos de sustentabilidade, tais como reciclar, e investir estão mais atrasados.
A nível global, os investidores consideram o investimento sustentável uma forma de promover uma mudança societal, social e ambiental, mas também o lucro. Os investidores portugueses estão alinhados, ou até avançados, nesta tendência global. O investimento sustentável está a aumentar, e Portugal destaca-se.
A nível global, o investimento sustentável está a ganhar importância entre os investidores com 78% a afirmarem que é agora mais importante para eles que há cinco anos; 32% disseram que era significativamente mais importante e 46% que era um pouco mais importante. Em Portugal, a maioria (85%) dos investidores disseram que o investimento sustentável é agora mais importante para eles, a percentagem mais elevada da Europa.
Há um desejo generalizado dos investidores de aprender mais acerca do assunto. O inquérito mostrou que o investimento globalmente sustentável era a primeira escolha dos tópicos de investimento sobre os quais as pessoas gostariam mais de melhorar o seu conhecimento (31%), à frente de assuntos tais como as classes de ativos e o efeito composto. Em Portugal, embora o número de respondentes que desejava aumentar os seus conhecimentos acerca do investimento sustentável fosse maior (33%) que a nível global, os investidores também expressaram o desejo de saber mais sobre investimentos eficientes em termos fiscais (40%).
Além disso, os investidores estão a aumentar a porção de dinheiro que afetam a investimentos sustentáveis – 64% dos investidores globais disseram que tinham aumentado o seu investimento em fundos sustentáveis nos últimos cinco anos, em linha com 63% dos investidores portugueses.
A tendência de subida do investimento sustentável parece ser mais forte na Ásia e nas Américas que na Europa.
Ranking de Sustentabilidade
A adoção de comportamentos sustentáveis (tais como reciclar, e reduzir o consumo de energia) e a popularidade do investimento sustentável diverge de país para país. Em Portugal, a nível pessoal os investidores mostraram maior tendência para frequentemente: reduzir/ reciclar os desperdícios domésticos (73%), evitar empresas com um historial de controvérsia (57%); comprar bens produzidos localmente (52%); comprar a empresas com um bom historial de responsabilidade social (48%) e considerar as emissões de carbono nas decisões sobre transportes/energia (47%). A Schroders criou um ranking de sustentabilidade baseado na pontuação média das questões que colocámos aos investidores. A Indonésia ficou em primeiro lugar, a Índia em segundo e os EUA em terceiro. No fim da lista situaram-se Hong Kong, a Coreia do Sul e o Japão. Portugal está na 13ª posição.
Ranking | País | Ranking | País | |
1 | Indonésia | 16 | França | |
2 | Índia | 17 | Taiwan | |
3 | EUA | 18 | Suíça | |
4 | China | 19 | Áustria | |
5 | Brasil | 20 | Canadá | |
6 | Tailândia | 21 | Singapura | |
7 | África do Sul | 22 | Itália | |
8 | EAU | 23 | Alemanha | |
9 | Chile | 24 | Espanha | |
10 | Rússia | 25 | Dinamarca | |
11 | Suécia | 26 | Bélgica | |
12 | Austrália | 27 | Países Baixos | |
13 | Portugal | 28 | Hong Kong | |
14 | Polónia | 29 | Coreia do Sul | |
15 | UK | 30 | Japão |
Por que razão é que as pessoas estão a apostar mais no investimento sustentável?
O estudo mostrou que os investidores consideram o investimento sustentável uma forma de promover não apenas uma mudança societal, social e ambiental como também de gerar lucros. Quando foi perguntado aos investidores portugueses se investiam, ou investiriam, em fundos sustentáveis pelo impacto positivo (tal como levar a uma mudança societal, social ou ambiental) ou pelo lucro potencial, a resposta média em todos os tipos de fundos indicou que o impacto positivo era mais importante (38%) que o lucro (32%), em linha com os resultados globais (respetivamente 38% e 32%).
Em Portugal, assim como a nível global, os investidores preferiram o potencial impacto positivo no seguinte tipo de fundos:
– Fundos com um impacto social positivo tal como direitos humanos, pobreza e bem estar social 51% vs 20% (impacto positivo vs rentabilidade);
– Fundos que investem em tecnologias limpas 41% vs 32% (impacto positivo vs rentabilidade);
– Fundos que evitam empresas de petróleo, gás ou carvão 36% vs 32% (impacto positivo vs rentabilidade);
– Fundos focados na melhoria da diversidade 35% vs 31% (impacto positivo vs rentabilidade).
Os dois tipos de fundos em que o lucro teve uma pontuação superior ao impacto positivo foram:
– Os fundos focados no governo das empresas 28% vs 38% (impacto positivo vs rentabilidade);
– Os fundos que investem em empresas de ciência médica e biotecnologia mostraram igual ponderação entre impacto positivo e rentabilidade 34% vs 37% (impacto positivo vs rentabilidade).
Carla Bergareche, diretora geral da Schroders Espanha e Portugal, afirmoa que “é extremamente encorajador para nós constatarmos que o investimento sustentável está a aumentar. Embora a rentabilidade continue a ser a principal consideração no investimento, o interesse na sustentabilidade está a aumentar – e é particularmente forte em algumas áreas surpreendentes. Mas os investidores também consideram que a sustentabilidade e os lucros estão interligados. Procuram investir em empresas que estão a apostar com êxito na mudança social e ambiental com vista a gerarem lucro e impacto. Os investidores compreendem o impacto que fatores como um forte governo das empresas podem ter na geração de lucros – opiniões que são apoiadas pela investigação. As mudanças sociais e ambientais estão a ocorrer mais rapidamente que nunca. Os desafios colocados pelas alterações climáticas, desigualdade e demografia são consideráveis. O nosso Estudo mostra que os investidores estão dispostos a desempenhar um papel e valorizam o impacto que os investimentos em tecnologia limpa e no impacto social podem ter.”