A mata nacional do Buçaco deverá reabrir até ao final do ano, após a conclusão da primeira fase das obras de recuperação, financiadas em mais de 200 mil euros pelo Fundo Florestal Permanente, foi anunciado esta quarta-feira. “Contamos poder reabrir grande parte da Mata até ao final do ano”, confirmou o presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro, durante uma sessão de apresentação do plano de intervenção nos 105 hectares de floresta (duramente atingida há um mês pela tempestade tropical Leslie), que contou com a presença do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas.
De acordo com a agência Lusa, o governante elogiou a capacidade de resposta da Câmara da Mealhada e da Fundação Mata do Buçaco, presidida por António Gravato. Destacou ainda o “trabalho incansável” da equipa de sapadores que atua numa aérea alargada dos municípios de Condeixa-a-Nova, Penacova e Mealhada. “Proteger o Buçaco é proteger a floresta em torno do Buçaco”, resumiu o secretário de Estado.
Segundo António Gravato, as primeiras intervenções vão incidir em 88 hectares de mata que incluem duas das principais atrações do Buçaco: o trilho da Via Sacra e o trilho das árvores notáveis. Esta primeira intervenção representa apenas metade do necessário para repor a normalidade na mata após a passagem da tempestade Leslie, que deixou um rasto de destruição. A Fundação e a autarquia estimam que serão necessários mais 20 mil euros para reparar os estragos em caminhos, árvores e atrações edificadas, como as capelas da Via Sacra.
“A nossa preocupação tem sido agir rapidamente e assegurar financiamento”, assegura o secretário de Estado. Segundo estimativas da Fundação, o encerramento forçado da mata representou “um rombo” em termos de receitas de bilheteira superior a 200 mil euros.
A Mata Nacional do Buçaco, na Mealhada (Aveiro), foi encerrada ao público na sequência da tempestade Leslie, que atingiu a região Centro na madrugada de dia 13 de outubro, provocando nos 105 hectares da mata prejuízos estimados em mais de meio milhão de euros. A tempestade poupou o património edificado do “Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco”, que está na base candidatura à classificação de Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
“A nossa prioridade nos primeiros dias foi garantir a segurança, limpar as estradas e garantir o acesso ao Hotel, casas da Mata e sede da Fundação da Mata”, refere António Gravato, presidente da FMB.
Para dar um exemplo do grau de destruição, a FMB refere que no curto percurso entre a entrada do Catrapim e as portas de Coimbra foram retiradas da estrada 17 árvores caídas, uma delas com 55 metros de altura e seis metros de diâmetro. A tempestade derrubou centenas de árvores, entre as quais três que pertenciam ao trilho nacional de árvores notáveis, e deixou isoladas 60 pessoas no Palace Hotel e 14 nas casas de alojamento local espalhadas pela mata.
Com 105 hectares, a Mata Nacional do Buçaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada pelos murros erguidos pela ordem para limitar o acesso. O conjunto monumental do Buçaco apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Bussaco. Os cruzeiros, as fontes (com destaque para a Fonte Fria com a sua monumental escadaria) e as cisternas, os miradouros e as casas florestais, compõem o vasto conjunto do património.