“Uma cidade que tem no seu coração o conhecimento, a ciência e a tecnologia. Uma cidade que está ao serviço das pessoas. Uma cidade moderna, inclusiva e sustentável. Uma cidade onde todas as pessoas querem viver e conseguem viver. Uma cidade onde startups acabadas de criar, PMEs com décadas de histórias e multinacionais coexistem criando empregos e gerando riqueza. Uma cidade que abraça a história, a natureza e a paisagem singular que a envolve. Serão quatro quilómetros de inovação e harmonia”. Bem-vindos ao “Innovation District”.
Coordenado pela Universidade NOVA de Lisboa, em conjunto com um grupo de proprietários da zona do Monte da Caparica e de Porto Brandão, o Innovation District foi oficialmente apresentado esta quarta-feira, em formato online. José Ferreira Machado, vice-reitor da Universidade NOVA de Lisboa, começou por explicar o motivo pelo qual se escolheu o Monte da Caparica e o Porto Brandão: “É uma área com características únicas. É a casa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA com os seus 8.500 alunos, 1.500 professores e investigadores e dezenas de centros de investigação. Ela própria, é um ecossistema de criação de valor”. A nova cidade resultará assim do interesse da Universidade NOVA de Lisboa, mas também dos “múltiplos investidores privados” que, em conjunto, assinaram um “memorando de entendimento” para o desenvolvimento da zona: “Esta cidade não será realidade sem o empenhamento da Câmara Municipal de Almada e de todos aqueles que residem no concelho”, refere.
[blockquote style=”2″]Uma nova forma de gerir e olhar o território[/blockquote]
Os primeiros passos do projeto, que conta com o apoio estratégico da Câmara Municipal de Almada, começaram a ser dados em 2019. “Um projeto tão fundamental para o desenvolvimento de Almada, mas também para o desenvolvimento da Área Metropolitana de Lisboa e, mesmo, para o país”, diz Inês Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, destacando ser mesmo uma “nova forma de gerir e olhar o território”. Com o Innovation District, cresce assim um “novo conceito” de cidade: “Uma cidade baseada na inovação sustentável e ecologicamente irrepreensível, mas também que aposta fortemente na qualidade de vida e na habitação, no emprego, nas atividades económicas e no saber”, declara.
O Innovation District integra uma área total de 399 hectares de intervenção, dos quais 110 hectares são zonas verdes. Entre os principais números que definem a sua dimensão contam-se a chegada de 4.500 novos habitantes à nova cidade, a criação de mil novos fogos habitacionais, uma área de 250.000 m2 para a implementação de novas atividades económicas que irão contribuir para a criação de 17 mil novos postos de trabalho e, ainda, 86.000 m2 de infraestruturas turísticas.
Para a implementação do Innovation District está estimado um investimento de mais de 800 milhões de euros, excluindo os investimentos que serão feitos em acessibilidade e infraestruturas públicas e de que são exemplos a reabilitação pública de Porto Brandão e a extensão do Metro Sul do Tejo até à Costa da Caparica.
[blockquote style=”2″]A NOVA está assim empenhada de alma e coração na identificação desta nova cidade de conhecimento e de inovação[/blockquote]
Com base no conceito Live-work-play, o vice-reitor da NOVA de Lisboa não tem dúvidas de que o projeto dará progem uma cidade única e plural, desenhada para elevar a qualidade de vida de cada um dos seus habitantes: “Será um destino internacional de atração de talento, de empresas, de estudantes e de investimento. Uma cidade que consiga ser uma alavanca para internacionalização da Grande Lisboa e do próprio país. Será um local para estar e ser, para viver e trabalhar, para repousar e usufruir”.
Se, por um lado, o projeto visa promover um “novo destino”, aproveitando as “características diferenciadoras” de Almada, há, por outro lado, a “preocupação ambiental” em desenvolver uma “nova cidade sustentável”, sustentada nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e pela neutralidade carbónica, integrando assim um conjunto de soluções ambientais inovadoras. Entre os vários objetivos ambientais, destaca-se a criação de uma comunidade energética com produção própria, sustentável e neutra em carbono, estruturação do desenvolvimento urbano em torno dos parques verdes, introdução de modos de mobilidade suave e integração, também, de métodos e soluções construtivas ecológicas e sustentáveis.
Para José Ferreira, “o principal ativo para triunfar na economia do conhecimento são as pessoas: o seu talento e as redes que estabelecem entre si”. No entanto, atenta o vice-reitor, “as pessoas precisam de sítios para viver e para interagir: lugares onde possam residir, trabalhar, conversar e usufruir dos seus tempos livres, ou seja, precisam de cidades”. E é também por isso que “cidades” e “conhecimento” são complementares: “A NOVA está assim empenhada de alma e coração na identificação desta nova cidade de conhecimento e de inovação”, sustenta.
A competitividade e internacionalização do projeto Innovation District permitirá beneficiar da notoriedade que representa a cidade de Lisboa enquanto destino internacional, aumentando assim a projeção, a visibilidade e a competitividade da cidade de Almada e destacando, ao mesmo tempo, a sua localização ímpar, o custo de vida acessível, a qualidade do ensino e a rede de infraestruturas. A internacionalização será concretizada através da atração de talento e do desenvolvimento de um cluster de ciência e inovação que irá atrair diversas empresas, nacionais e internacionais, estabelecendo uma rede eficaz de interação e colaboração.
Também o professor e reitor da NOVA Lisboa, João Sàágua, acredita que o Innovation District é um projeto que se perspetiva “altamente relevante” para Lisboa para Portugal, estando, também, “altamente alinhado” com a estratégia da Universidade: “A estratégia para o património da NOVA é guiada pela visão de ser uma universidade global e cívica”. A NOVA Lisboa quer assim ser uma universidade “sem fronteiras entre si” e das comunidades onde se insere e atua: “Está ao serviço da sociedade através do conhecimento e inovação e que tem as atividades norteadas pelo objetivo do impacto económico e social, local e regional, e que é regida pelos ODS”, declara.