“No que diz respeito à água, há uma distância muito grande entre aquilo que aprendemos na escola, aquele sistema circular auto-regenerativo que nos parece dar uma abundância sem fim, e aqueles que são os desafios de hoje, relativamente à gestão deste recurso”.
A declaração é de Inês dos Santos Costa, secretária do Estado do Ambiente, na sessão de abertura da “Rede de Compromisso AQUA+”, um projeto que a ADENE (Agência para a Energia) deu a conhecer, esta quinta-feira, no Planetiers World Gathering.
“Enganem-se aqueles que acham que esta é apenas uma melhor captação, distribuição, drenagem ou de adaptação aos efeitos das alterações climáticas”, declara a responsável, alertando que a questão da água é também uma questão económica: “Da água que se esconde na t-shirt de algodão que custa um euro; da água que se esconde no telemóvel que trocamos a cada ano; ou no betão que é preciso produzir para os nossos edifícios e cidades”. Mas, diz a responsável, quem fala de água escondida, fala também da energia escondida: “E não é por acaso que o setor da água e do saneamento é um dos maior consumidores de energia em Portugal”.
Se é de seriedade que se trata quando se fala em “adaptação” ou “mitigação” às alterações climáticas, também a “disrupção” deve fazer parte do processo: “Temos de saber orientar a inovação, a tecnologia, segundo uma visão sistémica que incorpora os mesmos princípios que vemos nos ciclos naturais”. E qual é o modelo a adotar? A responsável destaca desde logo a necessidade de se “desenhar sem poluição, sem resíduos, manter os recursos em uso e no seu valor útil mais elevado, regenerar os serviços e o capital natural ou alimentar por fontes renováveis de fonte energia”. É, para a responsável, este o modelo capaz de “reequilibrar prosperidade” com o “ritmo natural” de “regeneração” e de “gestão” dos sistemas naturais.
[blockquote style=”2″] Incorporar os princípios de economia circular [/blockquote]
Para além da importância do investimento, a secretária de Estado do Ambiente destaca também a necessidade de se “integrar novas ferramentas”, onde o “digital” assume um “papel preponderante” neste processo. E uma ferramenta que merece grande destaque é a Levels que, segundo a responsável, será, oficialmente, apresentada na “Conferência Anual da Plataforma Europeia de Stakeholders da Economia Circular” da Comissão Europeia e do Comité Económico e Social Europeu. “Estou certa de que será das peças-chave para a concretização dos objetivos do Green Deal no que diz respeito à sustentabilidade do edificado a nível europeu”, não só pela “introdução de uma abordagem de certificação ao longo do ciclo de vida do edifício”, mas também, pelos “princípios de circularidade que dele fazem parte”.
E naquele que será o desenho do novo modelo, Inês dos Santos Costa declara que também é preciso “incorporar os princípios de economia circular”, até porque a água é “matéria-prima” e, ao mesmo tempo, é “serviço ambiental e de utilidade” que “importa conservar, prolongar a sua utilidade e regenerar”.
Suportada em três pilares – fortalecimento do setor, alocação adequada dos recursos financeiros para uma maior eficiência e antecipar e gerir os riscos para um território resiliente – a nova estratégia, segundo a responsável, deverá também “alicerçar-se na equidade” através da eficiência, além de “aprofundar a sustentabilidade ambiental, social e financeira”.