Foi apresentada esta quarta-feira, em sessão pública, o Quadro Estratégico de Compromisso do Grupo Águas de Portugal (AdP) 2020-2022. Num processo “coletivo” e “participativo”, com contributos de cerca de “meio milhar de trabalhadores” de todos os níveis da estrutura e de “todas as empresas”, a AdP estabelece, assim, um rumo estratégico no reforço da capacidade de resposta às alterações climáticas, à descarbonização, à transformação digital e à economia circular.
É precisamente em torno desta colaboração e participação que Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, agradeceu “a todos os trabalhadores que estiveram no período de confinamento a garantir que continuássemos a ter água na torneira” e, que, agora “voltam a ser chamados nesta segunda vaga” da pandemia. De facto, considera a responsável, a pandemia expôs a urgência da necessidade de um “pacto ambiental” e da necessidade de “um compromisso intergeracional”, acrescentando também que é “impossível não a ligar com o problema social e ecológico” que está na sua base: “É preciso repensar o significado de crescimento porque haverá sempre limites físicos e biológicos que não poderemos transpor sob pena de colocarmos em causa a vida e o bem-estar de todos os que partilham a nossa casa”.
[blockquote style=”2″] Modelo de governação partilhado e participativo [/blockquote]
E aquelas que foram as possíveis e rápidas respostas, segundo a responsável, passaram pela “introdução de orientações técnicas para o setor”, a “criação de uma cadeia de reporte sistemático”, a “emissão de regulação específica” que assegurou o “fornecimento e acesso a estes serviços” e, também, “o trabalho de sustentabilidade nos sistemas de abastecimento de água e saneamento”. Tudo isto foi possível com o “forte apoio do grupo AdP e trabalhadores”, sustenta. Assim, a pandemia da Covid-19, para a secretária de Estado do Ambiente, não é uma “crise de abastecimento e tratamento” mas antes uma crise de recursos humanos: “Demasiadas vezes esquecemo-nos que estes sistemas são feitos de pessoas e sem elas o abastecimento e o saneamento não funcionam”.
Inês dos Santos Costa felicita o grupo AdP pelo facto de, mesmo em “tempos estranhos”, não ter deixado de “olhar para o futuro” de “curto e longo prazo” e, além disso, ter construído, em conjunto com as suas empresas e colaboradores, um “modelo de governação partilhado e participativo”. E, aqui, a responsável não deixa de comparar esta visão como o pensamento estratégico da tutela do ambiente: “Tal com a AdP apresenta o seu próprio triângulo virtuoso (grupo, serviço e sociedade), também nós partimos de um mesmo triângulo (descarbonização, economia circular e valorização do território). Para a responsável, ambos “encaixam-se” e “completam-se” mutuamente, sendo reforçados por “projetos emblemáticos” que vão “ajudar a cimentar este mutualismo” e a “mostrar de forma muito evidente a concretização de ambas as estratégias”. A responsável dá como exemplos os projetos pensados no âmbito do “programa neutralidade energética” do grupo AdP ou os que estão ligados à “valorização de lamas” e as “vantagens das tecnologias de aproveitamento desses efluentes”. Além disso, acrescenta, a AdP vai ser uma das “peças fundamentais” para resolver um “problema que se arrasta há vários anos em várias regiões do país”, como a “descarga de efluentes pecuários” e em projetos para a “água utilizada tratada”. Estas e muitas outras ações são, para a secretária de Estado do Ambiente, exemplos “demonstradores” de como a AdP está “disposta a avançar na sua trajetória de evolução” tornando-se um “exemplo” nacional e internacional de como é possível integrar “neutralidade carbónica, economia circular e valorização do território” numa “estratégia de prosperidade para um grupo económico”.
[blockquote style=”2″]Não podemos esperar que os desafios de hoje sejam resolvidos com o mesmo modelo mental do passado[/blockquote]
Ainda assim, Inês dos Santos Costa quis deixar um desafio, considerando que todos os projetos que se colocam agora podem ser um “exercício demonstrador” de como “pensar de modo sistémico” pode ter “efeitos económicos sociais e ambientais positivos”. O ponto de partida está, desde logo, no Quadro Estratégico de Compromisso do grupo mas, afirma a responsável, “nada impede que cada área possa pegar em metodologias de transformação para melhor operacionalizar cada medida no terreno”, de modo a “extrair impactos positivos adicionais”. E, segundo a secretária de Estado do Ambiente, tal pode ser feito “sem pensamentos feitos”, isto é, “deixar as ideias, por mais estranhas que sejam, surgirem e trabalharem sobre as mesmas”, envolvendo os “trabalhadores” e as “comunidades”.
No seu discurso, Inês dos Santos Costa chamou ainda a atenção para o desígnio de se “fechar o gap do país a dois tempos e a duas velocidades”, considerando que a “coesão territorial na gestão dos recursos hídricos”, a “digitalização dos serviços” e a “capacitação” irão contribuir nesse sentido: “Nenhuma empresa, município ou cidadão é uma ilha e as redes de colaboração e partilha continuarão a ser fundamentais no próximo Ciclo Comunitário de Apoio”.
Por fim, a inovação é outro tema que não pode ficar esquecido, seja a inovação na gestão, na tecnologia ou nos recursos humanos e no conhecimento e capital humano: “Não podemos esperar que os desafios de hoje sejam resolvidos com o mesmo modelo mental do passado”, remata.