A quantidade de resíduos urbanos produzidos desceu em 2016, depois de três anos consecutivos de crescimento, com a proporção de recolha seletiva a estar “consideravelmente abaixo” da registada em 2015, segundo o INE. As Estatísticas do Ambiente 2016 hoje divulgadas apontam para a recolha de 4,8 milhões de toneladas de resíduos urbanos naquele ano, menos 15 mil na comparação anual, “o que se traduz num rácio de 464,5 quilogramas gerados por habitante, próximo do registado em 2015 (464,4 quilogramas”.
“Em 2016, a diminuição de resíduos urbanos gerados interrompe um ciclo de três anos consecutivos de crescimento”, refere o documento publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O ano passado, refere o INE, foram recolhidas seletivamente 681 mil toneladas de resíduos urbanos, correspondente a 14,2% do total, uma “proporção de recolha seletiva inferior à verificada em 2011 e consideravelmente abaixo da observada em 2015, ano em que o peso dos resíduos urbanos recuperados seletivamente atingiu 16,2%”, a percentagem mais elevada desde que existem registos estatísticos.
Portugal registou um total de 424,6 quilogramas de lixo tratado por habitante, tendo sido conduzidos para deposição em aterro 202,8 quilogramas por habitante, ou seja, mais 85,2 quilogramas do que a média da União Europeia (UE) e para valorização 221,7 quilogramas (menos 114,7 quilogramas).
Segundo o INE, na deposição de lixo urbano em aterro, Portugal surge na 9.ª posição entre os Estados-membros com maior quantidade de eliminação em aterro, enquanto no ‘ranking’ dos países com as maiores quantidades de resíduos urbanos valorizados surge na 15.ª posição.
Na análise da relação entre a produção de resíduos e o crescimento económico, relevante quando se pretende caminhar para uma economia circular – com redução de lixo, mais reutilização e reciclagem -, o INE verificou que, entre 2012 e 2016, a quantidade de resíduos recolhidos por unidade de Produto Interno Bruto (PIB) foi inferior ao número de 2011.
Alerta que “a evolução verificada no período em análise não permite, contudo, concluir sobre uma efetiva dissociação da geração de resíduos urbanos do crescimento económico”.
Em termos gerais, “entre 2013 e 2015, o indicador piorou, retomando em 2016 o resultado de 2013”, resume.
A preparação para a reutilização e reciclagem registou “aumentos sucessivos desde 2012, tendo crescido 13 pontos percentuais, com uma subida média anual de 11%, aumento justificado principalmente pela entrada em funcionamento de novas instalações de Tratamento Mecânico e de Tratamento Mecânico e Biológico.
As empresas geraram 9,9 milhões de toneladas de lixo, mais 14,8% do que em 2015, tendo o total de resíduos valorizados ascendido a 8,1 milhões de toneladas, contra 7,4 milhões um ano antes, correspondente a 82,4% do total.
Os setores de atividade económica ligados à gestão e valorização de resíduos e da indústria transformadora destacaram-se como os principais geradores de resíduos com mais de metade do total, apresentando respetivamente, 2,8 e 2,6 milhões de toneladas.
“A construção ganhou importância, com a geração de resíduos do setor a aumentar cerca de 569 mil toneladas”, um acréscimo de 47%, enquanto passou de um peso relativo de 13,8% em 2015 para 17,8% em 2016, refere o INE.
Do total de lixo produzido, 8,4%, ou 838 mil toneladas, foram classificados como perigosos.