Indústria Nacional já tem Roteiro para acelerar introdução de gases renováveis
Considerando o desafio cada vez mais ambicioso que se coloca à descarbonização da economia ou o atual contexto de crise energética, torna-se evidente acelerar a transição para uma energia mais limpa bem como melhorar a resiliência e independência energética. Quem o disse foi Diogo da Silveira, Presidente do Conselho de Diretores da Floene, lembrando que se trata de um caminho que só será possível através da “combinação de múltiplas plataformas energéticas” (energia elétrica renovável e gases renováveis): “Só assim será possível atingir soluções de descarbonização sustentáveis e acessíveis para todos”.
No dia em que se assinalou o início do “Indústria de Futuro – Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Setor Industrial Nacional”, impulsionado pela Floene, o responsável parece não ter dúvidas acerca do nível de preparação e capacitação da empresa para receber gases renováveis como o hidrogénio e o biometano: “Temos as redes mais modernas da Europa, com mais de 13 mil quilómetros que se estendem de norte a sul do país e servem mais de um milhão de pontos de consumo”. A isto, soma-se a “experiência necessária para apoiar o setor industrial neste processo, atuando como facilitador de uma transição energética justa, segura e eficiente”, assegura.
Este Roteiro, pioneiro em Portugal, foi distinguido com o primeiro lugar na categoria “Medidas Intangíveis”, no Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC) e tem como objetivo “promover a partilha de conhecimento científico e tecnológico no que toca à incorporação dos gases renováveis” no setor industrial, numa ótica de eficiência energética, refere o responsável, destacando a capacidade de se “criar uma dinâmica positiva à adaptação da indústria a esta transição necessária para os gases renováveis”, incluindo a “identificação de necessidades, disponibilização de conteúdo e ações de formação, de forma a simplificar esta transição para soluções mais sustentáveis e eficientes”. O projeto constitui-se assim como uma “iniciativa de grande interesse e oportunidade” para um conjunto diversificado de stakeholders, que desenvolvem a sua atividade em todo o território e que são essenciais para o crescimento económico do país: “Vão desde as indústrias, como a cerâmica, o vidro, a cogeração, o cimento ou o papel, até à academia, as associações empresariais, as entidades de investigação e os parceiros do projeto”.
“Este Roteiro tem a virtude de criar um dinâmica positiva ao assegurar que a descarbonização é feita com os diversos vetores energéticos”
É precisamente nesta vasta rede de parceiros que o Presidente da Comissão Executiva da Floene, Gabriel Sousa, se centra, reforçando que “precisamos de todos os players” para fazer a tão necessária transformação: “Queremos criar uma dinâmica positiva, reforçar a comunicação com todas as entidades participantes e, assim, contribuir para o aumento da descarbonização, eficiência e poupança energética”.
A decisão de impulsionar este Roteio prende-se, essencialmente, pela capacidade que a Floene consegue assegurar atualmente, gerindo nove empresas de distribuição regional de gás, e tendo como perspetiva a descarbonização da atividade da empresa e da transformação das redes de gás, no sentido de operarem e abastecerem o mercado em total descarbonização até 2050: “É aqui que entra a importância de introduzir os gases renováveis neste setor”, sublinha. O facto de gerir a “mais moderna rede de gás da Europa” também serve de ímpeto para esta aceleração: “Estamos com a rede preparada para receber os gases renováveis”, afinca.
A Floene vê-se, assim, como um “facilitador e catalisador” neste fazer acontecer: “O nosso propósito e objetivo é dar apoio à descentralização da produção de gases renováveis e ao desenvolvimento dos gases renováveis, sendo esta a forma que temos para descarbonizar as redes de gás”, considera Gabriel Sousa.
O desenho e a configuração deste Roteiro faz-se com uma especial orientação para o “setor industrial”, envolvendo “o potencial dos produtores de gases renováveis, da academia e das áreas de investigação. Com a duração de dois anos, este projeto vai materializar-se através de várias conferências, seminários, workshops”, no sentido de “assegurar a divulgação da informação”, bem como “criar uma plataforma de conteúdos” para partilha com os diversos participantes: “Queremos sensibilizar os consumidores, identificar necessidades, desenvolver inquéritos, ter diagnósticos sobre as melhores soluções, avaliar os impactos económicos das medidas e desenhar aquele que poderá ser um calendário de aceleração da introdução e gases renováveis na indústria portuguesa”, refere. Neste sentido, “entendemos que este Roteiro tem a virtude de criar uma dinâmica positiva ao assegurar que a descarbonização é feita com os diversos vetores energéticos, não dependendo de uma única solução, e garantir que temos no futuro mais eletricidade renovável, gases renováveis e uma economia e sociedade mais descarbonizada, eficiente e justa”, remata.
O projeto “Indústria de Futuro – Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Setor Industrial Nacional”, foi apresentado esta segunda-feira, 12 de dezembro, no Museu do Oriente.