Portugal, este verão, volta a aproximar-se de uma época de elevado risco, essencialmente para as florestas e zonas rurais. Os incêndios são uma recorrência preocupante e a Ambiente Magazine foi ouvir alguns especialistas.
Ana Sá, investigadora sénior da Linha de Trabalho da Gestão de Risco do CoLAB ForestWISE, diz que o país vai-se preparando “ao ritmo permitido pelos diferentes atores e pela complexidade dos processos de decisão envolvidos na gestão do fogo”, sendo que não se pode esperar corrigir em poucos anos um problema construído ao longo de décadas.
Para 2023, a responsável acredita que “as dificuldades que possam surgir estarão muito relacionadas com a ocorrência de condições meteorológicas adversas”, como as ondas de calor, os ventos fortes e as secas. A verdade é que o culminar destes fenómenos leva a que existam problemas acrescidos à contenção de incêndios, “com possíveis impactos ambientais, sociais e económicos”.
“Sempre existiram incêndios fora da dita época “normal”, sempre que o inverno é seco, e têm frequentemente a ver com práticas culturais”
O primeiro incêndio em Portugal, este ano, aconteceu no início de abril, mas Ana Sá acredita que estas ocorrências fora da época “normal” não devem ser todas encaradas como um problema, “já que muitas vezes são, de alguma forma, preventivos de incêndios maiores e mais intensos”: “criam mosaicos na paisagem que permitem quebrar a continuidade dos combustíveis e, por vezes, servem para o posicionamento dos operacionais de combate durante o verão”, explica.
O CoLAB ForestWISE acaba assim por defender todas as medidas que envolvem intervenção ao nível da passagem, em contexto preventivo, por exemplo com o envolvimento dos proprietários na valorização da descontinuidade dos combustíveis: “o fogo controlado e a pastorícia devem ser privilegiadas enquanto ferramentas de gestão de combustível com um custo mais baixo”.
A Carta de Perigosidade de Incêndio Rural
Para a investigadora, este documento “pode estar desajustado face ao contexto de determinados territórios”, por exemplo, “zonas de matos esparsos não são as mais problemáticas em termos de incêndios de grande intensidade. Por arderem com bastante frequência é-lhes atribuída perigosidade elevada, mas apresentam menores cargas de combustível que outras zonas de matos, onde a frequência do fogo é bastante mais baixa”.
Por: redação Ambiente Magazine